sexta-feira, 1 de maio de 2009

X-Men Origens: Wolverine

O pop não poupa mesmo ninguém


Há poucos dias, eu estava postando um recado no perfil de uma amiga no Orkut quando reparei em um outro post que estava na página. Era uma amiga dela que a convidava para ir ao cinema no feriadão do dia do trabalho. Na mensagem, ela escrevia assim: “Vc gosta de Wolverine? Vai estrear dia 30!”. Pensei: “caramba!”. Nesse breve instante, percebi o quanto o personagem havia se tornado popular. Sim, porque, até menos de uma década atrás, Wolverine era um personagem conhecido apenas do que podemos denominar “mundo nerd”. Extremamente popular entre os leitores de HQs e entre aqueles que acompanhavam a série animada exibida na TV, Logan era praticamente desconhecido do grande público, e ainda mais do público feminino. Len Wein, o qual criou o personagem no já um pouco distante ano de 1974, jamais imaginaria que mais de três décadas depois a sua criação atingiria um nível tão grande de popularidade, mesmo que nascido em um veículo tão eminentemente pop quanto os quadrinhos de super-heróis.

Esse grande salto do personagem se deu pelas mãos de Bryan Singer, um dos melhores diretores da nova safra de Hollywood, responsável pelo cult “Os Suspeitos”. Com os seus “X-Men” e “X-Men 2”, ele catapultou os mutantes de Stan Lee ao estrelato na tela grande, mutantes dentre os quais se destacava, como sempre, o velho Wolvie, personificado pelo até então desconhecido Hugh Jackman. É verdade que o personagem assumiu uma faceta mais amena que a dos quadrinhos, menos violento, menos ranzinza, mulherengo ou pinguço e também com melhor aparência (o que talvez explique o apelo que tem hoje junto às meninas, tendo em vista o aspecto boa-pinta de Jackman). Mas também é verdade que Singer não traiu a essência do personagem, não esquecendo de manter o ar selvagem do herói, seu jeito um tanto rude e por vezes frio.

E esse lado mais “selvagem” é o mote do novo episódio da série, “X-Men Origens: Wolverine”, que tem estreia mundial neste final de semana, sendo o primeiro filme da aguardada temporada do verão americano. Apesar do sucesso do primeiro e segundo episódios, “X-Men 3 – O Confronto Final” acabou dividindo opiniões e, para não correr o risco de ver a franquia entrar em declínio, os estúdios Fox resolveram investir em uma nova abordagem, qual seja, narrar as origens dos personagens já apresentados ao público na série matriz, e o primeiro não poderia mesmo deixar de ser Wolverine, muito embora a escolha não pareça tão óbvia quanto parece. Não é tão óbvia porque Wolverine, ou simplesmente Logan para os mais chegados, é um dos heróis de origem mais nebulosa da Marvel. Durante muitos anos, não se sabia quase nada sobre sua origem, até que a famosa saga “Arma-X” acabou por jogar algumas luzes sobre esse passado misterioso, trabalho levado mais adiante por uma outra série, denominada “Origem”, a qual mostrou a infância de Logan e revelando que suas famosas garras eram naturais, resultado de seu poder mutante.

E o presente longa-metragem tem um roteiro, escrito por David Benioff, que procura realizar uma fusão entres as duas séries. Estão lá a infância, onde se mostra que seu arqui-rival Dentes de Sabre é seu provável irmão; sua participação em diversas guerras históricas; a implantação do metal adamantium em seu esqueleto (e garras também, claro), fruto de uma experiência militar-governamental, entre outros elementos que compõem o universo não só do próprio Wolvie, mas de todo o universo Marvel mutante. Entretanto, se o roteiro se mostra redondo ao não confundir o espectador (mesmo o não “iniciado”), por outro lado se mostra bastante raso em vários momentos, com algumas falas sofríveis e dispensáveis e situações que parecem estar ali apenas para gerar boas seqüências de ação, além de velhos clichês românticos, cenas estas provavelmente impostas via balas de adamantium pelos produtores. É bom dizer que eles obviamente escolheram um diretor ainda sem muita força em Hollywood, Gavin Hood (muito embora vencedor de um Oscar de filme estrangeiro por “Infância Roubada”), para que pudessem impor seus conceitos por vezes retrógrados da forma que bem entendessem. Retrógrados, sim, porque o público já demonstrou, através do sucesso absoluto do “Cavaleiro das Trevas”, por exemplo, que um blockbuster não precisa ser destituído de massa encefálica, sabendo acompanhar muito bem tramas mais elaboradas. Não que o resultado seja exatamente sofrível, mas fica claro que poderia ser bem melhor caso os produtores tivessem dado mais liberdade à direção de Hood (vale recordar que algumas seqüências foram retiradas da montagem final e outras refeitas). Em contraponto, é de se enaltecer a coragem em deixar Wolverine longe do politicamente correto (ele não tem “compaixão” por seus oponentes) e a dualidade entre seu lado humano e selvagem, que nos remete a “O Médico e o Monstro”, é bem abordada ao longo de toda a projeção.

Mas se o resultado é ainda agradável, isso é decorrência principalmente (além do aspecto narrativo direto, já mencionado acima) da competência de Hood em dirigir cenas de ação. Várias delas são mesmo sensacionais, prendendo qualquer assistente na cadeira, algumas até memoráveis, como a já icônica seqüência inicial de créditos, que narra a participação de Logan e Dentes de Sabre em vários conflitos, entre estes a Guerra de Secessão, 1ª e 2ª Guerras Mundiais e a Guerra do Vietnã (aliás, parece que os filmes baseados em HQs já estão criando uma tradição de créditos arrebatadores, vide o recente Watchmen). Hood parece mesmo saber o que faz com imagens, não perdendo a oportunidade até de realizar uma boa homenagem a “O Resgate do Soldado Ryan”. Também soube utilizar os novos conceitos do cinema de ação, com certas passagens lembrando bastante o recente “O Procurado” (outro filme com sequências de ação memoráveis), mas sem deixar aquela impressão de cópia. Por outro lado, a classificação PG-13 impõe certas limitações à violência mostrada (como o fato de as garras de Logan, por mais que perfurem corpos, nunca aparecerem sujas de sangue).

Outro fator positivo, obviamente, é o próprio Hugh Jackman. Tal como Harrison Ford parece ter nascido para interpretar Indiana Jones, Jackman parece ter nascido para fazer o papel de Wolverine. Além dele, também marcam boa presença Liev Schreiber, como Victor Creed (o Dentes de Sabre) e a linda Lynn Collins como Kayla (Silverfox), a amada de Logan. Diga-se de passagem que, no quesito personagens, o nerds irão vibrar com a presença de várias figuras conhecidas e adoradas dos fãs, como Gambit (ótima a seqüência em que ele surge, por sinal), Scott Summers ainda garoto, Ema Frost também uma menina, entre outros.

Com um humor que funciona em vários momentos, e até consolidando a origem do personagem (que ao longo de anos de HQs sempre resultou confusa), o maior problema deste primeiro filme solo de Wolverine é mesmo querer se tornar demasiadamente pop, encaixando-se num esquema PG-13 para não correr riscos na bilheteria (como aconteceu com Watchmen). Pode ser paradoxal, uma vez que o personagem é fruto de uma arte extremamente pop, mas “X-Men Origens: Wolverine” teria um resultado bem superior se esquecesse essas regras esquemáticas e apostasse na ousadia, mostrando uma trama realmente madura. Um autêntico caso em o pop acabou vítima dele mesmo. Como diz uma certa canção, “o pop não poupa ninguém”. Nem a ele próprio.

Obs.: Há uma cena durante os créditos e outra logo após. Portanto, não seja apressadinho(a) e fique até o final.

Cotação: * * * (três estrelas)
Nota: 7,0.
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2 comentários:

Iury disse...

pow meu amigo...
entrei no blog achando que ia ter algum post sobre a final do carioca hoje! só tem na taça guanabara?

se quiser pode me ligar quando for pagar o lanche ehehehe

MENGÃO! RAÇA AMOR E PAIXÃO

TRICAMPEÃOOOOOOOOO

abraços, vice kkkkkkkk

(sobre Wolverine comentei ontem com você no msn)

Fábio Henrique Carmo disse...

Iury,

O Flamengo mais uma vez teve sorte, fazer o que?

Mas o Botafogo foi buscar um resultado perdido mesmo sem os seus melhores em campo. Não tenho dúvidas de que teria sido campeão se tivesse Maicosuel e Reinaldo no time.

Saudações da estrela solitária.