terça-feira, 19 de maio de 2009

Polêmica em Cannes

Imagem de "Thirst" do coreano Park Chan-Wook

O Festival de Cannes anda pegando fogo. Ao que parece, esta é a edição do evento com mais filmes cheios de potencial para estarrecer plateias e fazer os de estômago fraco saírem das salas.

A tendência já estava se fazendo presente com a exibição de "Thirst", o novo longa de Park Chan -Wook (o diretor de Oldboy), o qual invadiu a polêmica religiosa ao colocar uma padre católico sendo transformado em vampiro e tendo não apenas sua força física, mas também seu vigor sexual sendo ligados a amplificadores. Violência, sangue e sexo tranbordam da tela, em mais uma das loucuras do diretor coreano.

Passando ainda pelo filipino "Kinatay", com sua violência mundo-cão (que recebeu muitas vaias), parece que o clima de açougue macabro chegou ao ápice com a exibição de "Antichrist", o novo Lars Von Trier, que levou não apenas vários espectadores a deixarem a sala Debussy, mas também vários deles a passarem mal durante a sessão. Segundo assistentes e mesmo críticos presentes à exibição, Von Trier pareceu desejar, com esta sua nova obra, não apenas chocar, mas pôr na película todas as imagens que devem habitar seus piores pesadelos (é bom lembrar que o diretor saiu de uma depressão há, relativamente, pouco tempo). Com uma premissa por si só perturbadora, na qual um casal (interpretados por William Dafoe e Charllote Gainsbourg) enfrenta o luto e a culpa de terem perdido um filho enquanto faziam sexo no banheiro, o filme parece se desenrolar num crescendo de demência até atingir um clímax quase insuportável, talvez digno das sessões de cinema que devem ser exibidas no inferno.

Cena de "Antichrist", de Lars Von Trier

Em entrevista coletiva, Trier declarou, cheio de ironia, que “eu faço filmes para mim mesmo, sem pensar na platéia. Ah, sim, e eu sou o melhor diretor de cinema do mundo”, isso logo após um jornalista britânico ter exigido do diretor que explicasse o porquê da existência desse filme. Ao responder sobre a dedicatória a Andrey Tarkovsky (aparentemente cínica), disse que “posso afirmar de coração que a dedicatória a Tarkovsky é verdadeira. Minha vida mudou quando vi 'O Espelho' pela primeira vez, numa telinha de TV. Tarkovsky certamente é Deus, mesmo que ele não tenha gostado nada do meu primeiro filme que viu aqui em Cannes em 1983 ('The Element of Crime'). Mas, tudo bem, isso não me afeta, ele veio de uma geração anterior à minha”.

Lars Von Trier durante a entrevista coletiva

É, a polêmica anda solta na Croissette e olha que Tarantino ainda nem apresentou o seu "Bastardos Inglórios". Se bem que, pelo que andam comentando, o diretor de "Kill Bill" deve ficar para trás no quesito burburinho este ano.

Informação: "Antichrist" já tem distribuição garantida no Brasil.

Abaixo, o trailler de "Antichrist".




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2 comentários:

Peru disse...

Cara, quero ver esse Antichrist.

Não gosto do Lars Von Trier por causa de "Os Idiotas", mas esse parece legal, muito embora os "choques" dele pareçam sempre muito forçados, bem na medida pra que ninguém perceba que o filme é uma merda.

E esse do diretor de Oldboy parece bem mais jóia.

Fábio Henrique Carmo disse...

Lars Von Trier faz bem a linha de cineastas "ame ou odeie". Alguns são seus fãs, outros o consideram um farsante. Eu, normalmente, tenho sentimentos dúbios com relação a seus filmes. Em alguns momentos, posso considerar "Dogville" genial ou uma bela porcaria, por exemplo.

A crítica parece estar gostando mais de "Thirst", filme do Park Chan-Wook.