Com a chegada do quarto episódio da franquia, já em exibição nos cinemas, aproveito a oportunidade para postar a resenha de "Piratas do Caribe - No Fim do Mundo", escrita quando do lançamento do longa e que ainda permanecia inédita neste espaço. Segue abaixo.
Piratas do Caribe - No Fim do Mundo
Confusão em alto mar
Em 2003, a Disney teve a idéia de produzir um filme baseado em um brinquedo de um de seus famosos parques. Caindo nas mãos do produtor Jerry Bruckheimer, este convidou Gore Verbinski para dirigi-lo. O que parecia uma empreitada pouco pretensiosa dos estúdios do Mickey acabou se tornando um enorme sucesso, não só de público como de crítica. Sem buscar algo além de um bom entretenimento, o filme tinha ótimas doses de aventura, romance e comédia, sendo este último aspecto capitaneado pelo fantástico ator Johnny Depp, o qual criou um especial personagem: o Capitão Jack Sparrow, uma espécie de “Macunaíma Pop”, um anti-herói sem nenhum caráter, mas extremamente divertido. O sucesso do personagem foi tão grande que Depp ganhou uma indicação ao Oscar, além de ver seu nome catapultado ao time de super-astros de Hollywood, logo ele que sempre teve um perfil “alternativo”.
Estimulados com o sucesso de “Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra”, os produtores resolveram investir em mais duas continuações. A primeira delas, intitulada “O Baú da Morte” teve sua estréia em 2006 e acabou se tornando o terceiro filme em bilheteria na história, atrás apenas do insuperável “Titanic” e de “O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei”, sendo também o terceiro filme a ultrapassar a marca de US$ 1 bilhão arrecadados em todo o mundo. Embora com um roteiro não tão bem acabado quanto o do original, “Piratas 2” mantém o nível de diversão nas alturas, com uma participação do capitão Sparrow ainda mais impagável e uma trama repleta de aventuras e fantasia.
Pois bem, agora estréia nos cinemas de todo o mundo, prometendo arrecadar de forma também gigantesca “Piratas do Caribe 3: No Fim do Mundo” a terceira e última (será mesmo?) parte da trilogia.Todavia , mesmo que tenha sua bilheteria estratosférica garantida, este se mostra o exemplar mais fraco da série.
Logo no início, vemos Elizabeth Swann (a bela Keira Knigthley), ao lado do Capitão Barbossa (Geoffrey Rush, ótimo), em busca da ajuda de Sao-Feng (Chow Yun-Fat, coadjuvante de luxo), um dos nove lordes piratas, para resgatar Jack Sparrow da espécie de “limbo” onde está após ser levado pelo Kraken no fim do 2º episódio. Sparrow, que também é um dos tais “lordes piratas”, é necessário para que a Confraria dos Piratas possa libertar a deusa dos mares Calypso da forma humana à qual está presa por obra da própria Confraria. E a verdade é que nos perdemos em um emaranhado de nomes, lugares e situações, principalmente se você não viu ou reviu o segundo episódio há pouco tempo (para aqueles que ainda não viram e pretendem assistir a esse 3º episódio, é recomendável que cheguem ao cinema com o segundo episódio ainda fresco na memória). A primeira metade do filme se arrasta de forma aborrecida, sem sal e eu já estava apreensivo, pois tendo em vista sua “longa metragem” (são duas horas e quarenta e cinco minutos) seria mesmo um saco acompanhar tudo aquilo até o fim.
Todavia, para alegria geral dos espectadores, a segunda metade do filme decola, apresentando fantásticas cenas de ação, além das doses de comédia também aumentarem consideravelmente. Memorável a seqüência do confronto entre o Flying Dutchman (o navio do capitão Davy Jones) e o Pérola Negra em meio a um redemoinho, onde várias tomadas de ação se desenrolam ao mesmo tempo: o duelo entre Sparrow e Davy Jones; o casamento de Will Turner (Orlando Bloom) com Elizabeth, tendo o capitão Barbossa como responsável pelo casório (hilário!!!); a resolução do conflito entre Will e seu pai... Ou seja uma avalanche de acontecimentos realmente empolgante. Ademais, é na segunda metade do filme que realmente vemos onde foram colocados os “zilhões” de dólares gastos na produção. Vale dizer ainda que o romance de Will e Elizabeth resta poeticamente bem resolvido. Em síntese: a segunda metade do longa salva o todo de um naufrágio de proporções gigantes.
Naufrágio este que também não ocorre devido às ótimas atuações, seja do sempre brilhante Johnny Depp, como também de Geoffrey Rush, que está ótimo como Barbossa. Keyra também está competente (além de bela) além de todo o restante do elenco. Só Orlando Bloom é que continua com sua eterna “cara de nada”, tão expressivo nas telas quanto a seleção de futebol da Guatemala no cenário esportivo... Mas ainda há um detalhe especial a ser ressaltado no elenco: a breve participação de Keith Richards, o lendário guitarrista dos Rolling Stones, como pai de Jack Sparrow. E até sou capaz de afirmar: ele rouba a cena! É sabido que Depp se inspirou em Richards para compor seu pirata e a participação do guitarrista foi mesmo uma grande sacada da equipe!
Mas a verdade é que, no término da sessão, ficamos com a sensação que de o longa resultou bem aquém de suas possibilidades, perdendo-se em um roteiro atabalhoado que procura amarrar todas as pontas soltas deixadas pelo episódio 2, mas que só consegue ser confuso e arrastado durante um bom tempo, salvando-se no fim. Entre altos e baixos, o filme se salva, mas brilhando bem menos que seus predecessores. Vale dizer que entre os grandes lançamentos do “verão 3” dos EUA este é o está tendo a menor bilheteria, não só pela sua longa duração (o que possibilita um número menor de exibições por dia), como também pelas críticas pouco simpáticas que vem obtendo (muito embora Shrek Terceiro esteja recebendo espinafradas ainda maiores!). Esperamos que os produtores, caso desejem levar adiante a idéia de um “Piratas 4”, procurem corrigir os problemas apresentados neste, para que não vejam uma franquia tão interessante naufragar tragada pelo redemoinho da incompetência.
Por fim, uma observação: vale à pena esperar até o fim dos créditos para assistir à cena final. É bem interessante!
Cotação:
Nota: 7,0
Um comentário:
Acho este o pior de todos, mas ainda assim, é ótimo. O roteiro se perde em reviravoltas confusas e desnecessárias, que o deixam exageradamente longo, mas ainda é muito divertido, e arranca muitas risadas.
http://cinelupinha.blogspot.com/
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