Gladiador 2
Este é mais um episódio da parceria entre o diretor Ridley Scott e o ator oscarizado Russel Crowe (o quinto, para ser mais preciso). O problema de algumas dessas extensas parcerias é que, em alguns casos, as ideias começam a se repetir, trazendo para o público a reprodução de uma fórmula que alcançou grande sucesso em algum momento. O momento em questão, que diretor e ator procuram alcançar novamente, é “Gladiador”, filme realizado em 2000 que alcançou enorme popularidade e arrebatou cinco estatuetas da Academia de Hollywood (hoje em dia, reprisado à exaustão na TV).
Desde os trailers deste “Robin Hood”, percebe-se a nítida intenção de repetir o conceito do sucesso protagonizado pelo general romano Maximus Decimus Meridius. Robin Hood, um personagem lendário (não se sabe ao certo se ele existiu), é inserido em um contexto histórico verídico, no caso o da elaboração da Magna Carta, considerada a primeira norma a garantir limitações ao monarca e direitos aos seus súditos, ou seja, a primeira constituição da História. Em uma espécie de “reboot” (algo que está se tornando comum nos filmes de super-heróis e aparentemente está se alastrando para outros gêneros), o roteiro de Brian Helgeland, Ethan Reiff e Cyrus Voris, dentro deste contexto, narra como Robin Longstride torna-se um fora-da-lei amado pela população. Até aí, tudo bem. É interessante ver um Robin Hood mais realista, um pouco distante daquela figura folclórica exibida nos longas anteriores em que o personagem aparece (mesmo a versão garapa com Kevin Costner deixa a desejar no quesito realidade). Entretanto, algumas inserções pouco verossímeis acabam por quebrar esta sensação de verossimilhança que permeia o início do longa. Uma delas, por exemplo, o fato de Lady Marion (Cate Blachett, com boa presença em tela) saber lutar e partir para a batalha a certa altura da trama. Sabe-se que, na Idade Média, mulheres não podiam guerrear e que Joana D’arc teve que se disfarçar de homem para entrar nas frentes de batalha francesas (sendo posteriormente morta na fogueira). Fica aquela sensação de que a personagem foi “atualizada” para o público feminino moderno, ansioso por ver mulheres independentes e fortes na tela. Também se percebe a mão pesada do roteirista ao colocar Robin em praticamente todas as cenas de batalha e ainda na justificativa para que o mesmo, de uma hora para a outra, comece a proferir discursos de liderança que entusiasmam as massas (numa solução bastante artificial e mesmo clichê). Parece que a qualquer momento ele vai dizer “meu nome é Maximus Decimus Meridius” e isso, obviamente, incomoda um bocado.
Por outro lado, não se pode negar que em muitos momentos o filme funciona como longa de ação e que o visual impressiona. A fotografia é competente como em todos os longas de Scott e a utilização da edição acelerada, mas que ao mesmo tempo permite entender o que está acontecendo na tela, como já feito em “Gladiador”, é bem-vinda, pois que realmente é uma das melhores formas de se mostrar lutas no cinema. A reconstituição de época também é de encher os olhos e não será estranho se vier a arrebatar prêmios neste quesito. Os créditos finais, vale dizer, são belíssimos, transformando algumas das cenas de ação em pinturas animadas.
O que é triste de perceber é a acomodação de um diretor que já foi brilhante. Não custa lembrar que são de Scott obras como “Alien – O Oitavo Passageiro” e “Blade Runner – O Caçador de Andróides”, obras seminais que influenciaram as gerações posteriores e estão entre as mais cultuadas pelo público. Também da mesma forma, Crowe, um ator excelente, parece estar preguiçoso como nunca, repetindo sempre um papel que lhe rendeu um Oscar, mas que já está cansado. É sempre triste ver esse tipo de acomodação, que não é inédita no cinema, infelizmente (basta lembrar o estágio atual das carreiras de Pacino, Nicholson e De Niro, os quais parecem, há algum tempo, estar interpretando sempre o mesmo papel). O resultado da inércia, neste Robin Hood, é que parece estarmos vendo uma espécie de “Gladiador 2”(mesmo assim, ainda consegue ser melhor que o chatíssimo “Cruzada”). Muito pouco para talentos que já mostraram que podem ir muito além da mesmice.
Cotação:
Nota: 7,0
Este é mais um episódio da parceria entre o diretor Ridley Scott e o ator oscarizado Russel Crowe (o quinto, para ser mais preciso). O problema de algumas dessas extensas parcerias é que, em alguns casos, as ideias começam a se repetir, trazendo para o público a reprodução de uma fórmula que alcançou grande sucesso em algum momento. O momento em questão, que diretor e ator procuram alcançar novamente, é “Gladiador”, filme realizado em 2000 que alcançou enorme popularidade e arrebatou cinco estatuetas da Academia de Hollywood (hoje em dia, reprisado à exaustão na TV).
Desde os trailers deste “Robin Hood”, percebe-se a nítida intenção de repetir o conceito do sucesso protagonizado pelo general romano Maximus Decimus Meridius. Robin Hood, um personagem lendário (não se sabe ao certo se ele existiu), é inserido em um contexto histórico verídico, no caso o da elaboração da Magna Carta, considerada a primeira norma a garantir limitações ao monarca e direitos aos seus súditos, ou seja, a primeira constituição da História. Em uma espécie de “reboot” (algo que está se tornando comum nos filmes de super-heróis e aparentemente está se alastrando para outros gêneros), o roteiro de Brian Helgeland, Ethan Reiff e Cyrus Voris, dentro deste contexto, narra como Robin Longstride torna-se um fora-da-lei amado pela população. Até aí, tudo bem. É interessante ver um Robin Hood mais realista, um pouco distante daquela figura folclórica exibida nos longas anteriores em que o personagem aparece (mesmo a versão garapa com Kevin Costner deixa a desejar no quesito realidade). Entretanto, algumas inserções pouco verossímeis acabam por quebrar esta sensação de verossimilhança que permeia o início do longa. Uma delas, por exemplo, o fato de Lady Marion (Cate Blachett, com boa presença em tela) saber lutar e partir para a batalha a certa altura da trama. Sabe-se que, na Idade Média, mulheres não podiam guerrear e que Joana D’arc teve que se disfarçar de homem para entrar nas frentes de batalha francesas (sendo posteriormente morta na fogueira). Fica aquela sensação de que a personagem foi “atualizada” para o público feminino moderno, ansioso por ver mulheres independentes e fortes na tela. Também se percebe a mão pesada do roteirista ao colocar Robin em praticamente todas as cenas de batalha e ainda na justificativa para que o mesmo, de uma hora para a outra, comece a proferir discursos de liderança que entusiasmam as massas (numa solução bastante artificial e mesmo clichê). Parece que a qualquer momento ele vai dizer “meu nome é Maximus Decimus Meridius” e isso, obviamente, incomoda um bocado.
Por outro lado, não se pode negar que em muitos momentos o filme funciona como longa de ação e que o visual impressiona. A fotografia é competente como em todos os longas de Scott e a utilização da edição acelerada, mas que ao mesmo tempo permite entender o que está acontecendo na tela, como já feito em “Gladiador”, é bem-vinda, pois que realmente é uma das melhores formas de se mostrar lutas no cinema. A reconstituição de época também é de encher os olhos e não será estranho se vier a arrebatar prêmios neste quesito. Os créditos finais, vale dizer, são belíssimos, transformando algumas das cenas de ação em pinturas animadas.
O que é triste de perceber é a acomodação de um diretor que já foi brilhante. Não custa lembrar que são de Scott obras como “Alien – O Oitavo Passageiro” e “Blade Runner – O Caçador de Andróides”, obras seminais que influenciaram as gerações posteriores e estão entre as mais cultuadas pelo público. Também da mesma forma, Crowe, um ator excelente, parece estar preguiçoso como nunca, repetindo sempre um papel que lhe rendeu um Oscar, mas que já está cansado. É sempre triste ver esse tipo de acomodação, que não é inédita no cinema, infelizmente (basta lembrar o estágio atual das carreiras de Pacino, Nicholson e De Niro, os quais parecem, há algum tempo, estar interpretando sempre o mesmo papel). O resultado da inércia, neste Robin Hood, é que parece estarmos vendo uma espécie de “Gladiador 2”(mesmo assim, ainda consegue ser melhor que o chatíssimo “Cruzada”). Muito pouco para talentos que já mostraram que podem ir muito além da mesmice.
Cotação:
Nota: 7,0
2 comentários:
Fábio, tua opinião é semelhantes com muitas que tenho lido, ultimamente.
Ainda não conferi o filme, mas creio que possa achar isso - afinal, desde antes deste filme o Crowe vem sendo menos intenso na caracterização de seus personagens...será que o Oscar acomodou ele? Ou problema na escolha dos filmes? Ou seria a direção?
Eu gosto da história de Robin Hood, como ser e sua essência em si me cativa...mas, preciso ver como ele vai compor essa trajetória.
Mas, não consigo ver semelhanças deste filme com a premissa de Gladiador, veremos.
Abraço
Cristiano, ambos se assemelham porque eleboram uma trama fictícia em um contexto histórico real, com personagens que de fato existiram, com seus protagonistas interferindo diretamente no rumo dos fatos. Se em "Gladiador" temos o general enfrentando o imperador Comodus, aqui vemos Robin Hood (personagem lendário)interagindo nos eventos que culminariam na Magna Carta.Roteiros bem semelhantes, no fundo...
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