Robert “Iron Man” Jr.
É inevitável começar esta resenha sem uma comparação com o primeiro episódio da série do Homem de Ferro, um dos super-heróis da Marvel que nunca fez exatamente parte do primeiro escalão de heróis da famosa editora de quadrinhos, estando longe da popularidade de um Homem-Aranha ou dos mutantes X-Men. Eu mesmo não acreditava muito no resultado quando foi anunciada a primeira produção, a qual parecia vir apenas no embalo do sucesso de outros filmes baseados em super-heróis. Na minha concepção, seria apenas mais um “genérico”, algo que passaria pelos cinemas rapidamente sem deixar maiores saudades. Contudo, o que aconteceu foi uma surpresa. Ou melhor, não exatamente uma surpresa. Eu havia esquecido de todo o talento de Robert Downey Jr., um ator de extrema competência que havia mergulhado nas drogas e se jogado no ostracismo, mas que agarrou a nova oportunidade com unhas e dentes. Downey imprimiu peculiaridades ao personagem que o deixaram ainda mais rico que nos quadrinhos. Com a ajuda de um roteiro bem trabalhado e sem excessos na ação ou nos efeitos especiais, o filme acabou sendo um grande sucesso, levando Downey Jr. do mencionado ostracismo ao estrelato. Ele é hoje um astro do primeiro time e, por tabela, levou o Homem de Ferro também ao primeiro panteão de heróis da Marvel.
A expectativa pelo segundo episódio foi grande e o que se temia era que o diretor Jon Favreau acabasse caindo em excessos, exagerando na ação, ou na veia cômica do longa (uma da razões do sucesso do primeiro) e tudo acabasse de uma forma meio “over”. Felizmente isso não aconteceu, nada é extrapolado, mas a impressão que ficou é que a série “Homem de Ferro” só se sustenta pela presença de seu ator principal.
Tal assertiva parece ser comprovada ao observarmos o roteiro deste segundo exemplar da série. Ele começa com duas boas premissas. A primeira, a de que o governo americano insiste para que Stark ceda os desenhos e segredos industriais da armadura do Homem de Ferro para o exército U.S.A. Em segundo lugar, o herói está com seu organismo contaminado pelas toxinas liberadas pelo dispositivo em seu peito que o mantém vivo. Há ainda o desenvolvimento de sua relação com a secretária Pepper Potts (Gwyneth Paltrow), a qual ele alça à condição de presidente do grupo Stark (interessante como essa relação nunca soa forçada). Por outro lado, os problemas da trama começam quando da construção do vilão. Apesar de ser interpretado por Mickey Rourke, sempre uma presença marcante, suas motivações são mal explicadas. Sabe-se apenas, no início do longa, que a família de Ivan Vanko foi diretamente afetada pelas ações da família Stark, mas não se revela precisamente como. Além disso, Stark enfrenta a concorrência de seu grande rival empresarial (Sam Rockwell), o qual busca os seus segredos tecnológicos para vendê-los ao governo dos EUA. Em alguns momentos, o roteiro acaba descambando para um excesso de conspirações industriais pouco atrativas e confesso que fiquei, em alguns momentos, ansioso pelas cenas de ação ou mesmo de romance-comédia.
Existem ainda nuances excessivamente nerds que incomodam ao longo da projeção. Há uma agente da SHIELD, a Viúva Negra, infiltrada na indústria Stark (interpretada por uma Scarlett Johansson ruivamente bela e sensual e que aprendeu a lutar para suas cenas de ação). Nick Fury (Samuel L. Jackson), comandante da SHIELD, também se faz presente e essas inserções mostram-se inconvenientes se pensarmos no espectador que não conhece o universo das HQs, não sabe o que é a SHIELD e nem que a Marvel, no futuro, pretende realizar um filme dos Vingadores (super-grupo formado por vários heróis da editora). A ânsia por elementos para os fãs é tão grande que chegaram a inserir em uma cena, de forma totalmente incongruente, o escudo do Capitão América...
Como dito acima, o que mantém o nível do produto é mesmo o personagem de Stark. Downey Jr. confere veracidade a todas as cenas e é interessante perceber as suas contradições. Tony Stark aparenta tomar todas as suas atitudes baseadas no seu egocentrismo, mas ao mesmo tempo notamos que ao assumir essa postura ele parece querer esconder que tem um bom coração, da mesma forma como procura ocultar e assume com muita dificuldade seus sentimentos por Pepper Potts. Nada mais emblemático do que a frase que profere logo no início do longa: “eu privatizei a paz”, uma tirada genial que parece resumir todas as contradições do super-herói narcisista e carismático. Um feliz encontro entre ator e um roteiro (de Justin Theroux) que, se deixou a desejar em outros aspectos, neste ponto se mostra muito feliz. Há ainda, como ponto positivo, duas boas seqüências de ação, uma delas no grande prêmio de Mônaco e outra já ao fim, quando, ao lado da Máquina de Combate incorporada pelo coronel e amigo James Rhodes (Don Cheadle substituindo Terence Howard, o qual teve atritos com a Marvel), destroem um sem número de robôs. Os efeitos especiais mostram-se bem superiores ao primeiro episódio (orçamento maior, claro) e a trilha sonora rock ‘n roll (com AC/DC, Queen, entre outros) é ótima.
Uma diversão garantida, sem dúvida. Contudo, talvez devido ao fato de, quando do seu lançamento, não nutrir grandes expectativas, o primeiro episódio acabou atingindo minha sensibilidade cinéfila de forma inesperada e intensa, algo que não aconteceu neste segundo episódio (e é sempre bom não nutrir expectativas). O que não se questiona é a excelência de Robert Downey Jr., ator que conseguiu transformar um personagem meio que apagado das HQs em uma figura extremamente pop. Torço para que sua volta seja mesmo definitiva, seja como “Homem de Ferro”, “Sherlock Holmes” ou qualquer outro personagem.
Cotação:
Nota: 8,5
Obs. Há uma cena depois dos créditos que já larga a deixa para o filme de um outro personagem da Marvel.
É inevitável começar esta resenha sem uma comparação com o primeiro episódio da série do Homem de Ferro, um dos super-heróis da Marvel que nunca fez exatamente parte do primeiro escalão de heróis da famosa editora de quadrinhos, estando longe da popularidade de um Homem-Aranha ou dos mutantes X-Men. Eu mesmo não acreditava muito no resultado quando foi anunciada a primeira produção, a qual parecia vir apenas no embalo do sucesso de outros filmes baseados em super-heróis. Na minha concepção, seria apenas mais um “genérico”, algo que passaria pelos cinemas rapidamente sem deixar maiores saudades. Contudo, o que aconteceu foi uma surpresa. Ou melhor, não exatamente uma surpresa. Eu havia esquecido de todo o talento de Robert Downey Jr., um ator de extrema competência que havia mergulhado nas drogas e se jogado no ostracismo, mas que agarrou a nova oportunidade com unhas e dentes. Downey imprimiu peculiaridades ao personagem que o deixaram ainda mais rico que nos quadrinhos. Com a ajuda de um roteiro bem trabalhado e sem excessos na ação ou nos efeitos especiais, o filme acabou sendo um grande sucesso, levando Downey Jr. do mencionado ostracismo ao estrelato. Ele é hoje um astro do primeiro time e, por tabela, levou o Homem de Ferro também ao primeiro panteão de heróis da Marvel.
A expectativa pelo segundo episódio foi grande e o que se temia era que o diretor Jon Favreau acabasse caindo em excessos, exagerando na ação, ou na veia cômica do longa (uma da razões do sucesso do primeiro) e tudo acabasse de uma forma meio “over”. Felizmente isso não aconteceu, nada é extrapolado, mas a impressão que ficou é que a série “Homem de Ferro” só se sustenta pela presença de seu ator principal.
Tal assertiva parece ser comprovada ao observarmos o roteiro deste segundo exemplar da série. Ele começa com duas boas premissas. A primeira, a de que o governo americano insiste para que Stark ceda os desenhos e segredos industriais da armadura do Homem de Ferro para o exército U.S.A. Em segundo lugar, o herói está com seu organismo contaminado pelas toxinas liberadas pelo dispositivo em seu peito que o mantém vivo. Há ainda o desenvolvimento de sua relação com a secretária Pepper Potts (Gwyneth Paltrow), a qual ele alça à condição de presidente do grupo Stark (interessante como essa relação nunca soa forçada). Por outro lado, os problemas da trama começam quando da construção do vilão. Apesar de ser interpretado por Mickey Rourke, sempre uma presença marcante, suas motivações são mal explicadas. Sabe-se apenas, no início do longa, que a família de Ivan Vanko foi diretamente afetada pelas ações da família Stark, mas não se revela precisamente como. Além disso, Stark enfrenta a concorrência de seu grande rival empresarial (Sam Rockwell), o qual busca os seus segredos tecnológicos para vendê-los ao governo dos EUA. Em alguns momentos, o roteiro acaba descambando para um excesso de conspirações industriais pouco atrativas e confesso que fiquei, em alguns momentos, ansioso pelas cenas de ação ou mesmo de romance-comédia.
Existem ainda nuances excessivamente nerds que incomodam ao longo da projeção. Há uma agente da SHIELD, a Viúva Negra, infiltrada na indústria Stark (interpretada por uma Scarlett Johansson ruivamente bela e sensual e que aprendeu a lutar para suas cenas de ação). Nick Fury (Samuel L. Jackson), comandante da SHIELD, também se faz presente e essas inserções mostram-se inconvenientes se pensarmos no espectador que não conhece o universo das HQs, não sabe o que é a SHIELD e nem que a Marvel, no futuro, pretende realizar um filme dos Vingadores (super-grupo formado por vários heróis da editora). A ânsia por elementos para os fãs é tão grande que chegaram a inserir em uma cena, de forma totalmente incongruente, o escudo do Capitão América...
Como dito acima, o que mantém o nível do produto é mesmo o personagem de Stark. Downey Jr. confere veracidade a todas as cenas e é interessante perceber as suas contradições. Tony Stark aparenta tomar todas as suas atitudes baseadas no seu egocentrismo, mas ao mesmo tempo notamos que ao assumir essa postura ele parece querer esconder que tem um bom coração, da mesma forma como procura ocultar e assume com muita dificuldade seus sentimentos por Pepper Potts. Nada mais emblemático do que a frase que profere logo no início do longa: “eu privatizei a paz”, uma tirada genial que parece resumir todas as contradições do super-herói narcisista e carismático. Um feliz encontro entre ator e um roteiro (de Justin Theroux) que, se deixou a desejar em outros aspectos, neste ponto se mostra muito feliz. Há ainda, como ponto positivo, duas boas seqüências de ação, uma delas no grande prêmio de Mônaco e outra já ao fim, quando, ao lado da Máquina de Combate incorporada pelo coronel e amigo James Rhodes (Don Cheadle substituindo Terence Howard, o qual teve atritos com a Marvel), destroem um sem número de robôs. Os efeitos especiais mostram-se bem superiores ao primeiro episódio (orçamento maior, claro) e a trilha sonora rock ‘n roll (com AC/DC, Queen, entre outros) é ótima.
Uma diversão garantida, sem dúvida. Contudo, talvez devido ao fato de, quando do seu lançamento, não nutrir grandes expectativas, o primeiro episódio acabou atingindo minha sensibilidade cinéfila de forma inesperada e intensa, algo que não aconteceu neste segundo episódio (e é sempre bom não nutrir expectativas). O que não se questiona é a excelência de Robert Downey Jr., ator que conseguiu transformar um personagem meio que apagado das HQs em uma figura extremamente pop. Torço para que sua volta seja mesmo definitiva, seja como “Homem de Ferro”, “Sherlock Holmes” ou qualquer outro personagem.
Cotação:
Nota: 8,5
Obs. Há uma cena depois dos créditos que já larga a deixa para o filme de um outro personagem da Marvel.
4 comentários:
Vou vê-lo amanhã.
Dessa vez estou nadando contra a correnteza e não consegui gostar desse como gostei do primeiro. Achei bem fraco...
Tanto o primeiro quanto este: são amplamente bobos, pra mim. Ainda que tenhamos uma sempre inspirada atuação de Downey Jr - isso não sustenta o apelo comercial que o filme exala.
Obviamente, minha opinião pessoal, visto que conheço muitos que gostaram mais do primeiro.
Diversão garantida, de fato, nada mais...e olhe lá.
Robson, também achei esse segundo inferior ao primeiro, muito embora não o considere fraco (como dá pra perceber pela minha nota).
Cristiano, creio que uma obra deve ser analisada pelo seu objetivo.O Objetivo de ambos os filmes é ser uma boa diversão e é assim que eles devem ser avaliados.O cinema não se presta apenas a realizar grandes investigações sobre a natureza humana. Aliás, filmes pretensiosos costumam ser chatos. Também minha opinião, claro.
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