domingo, 27 de dezembro de 2009

Sempre ao Seu Lado



Bela história lacrimejante

Você quer assistir a um filme pra chorar em bicas? Pois então vá ao cinema conferir este “Sempre ao Seu Lado”. O filme é uma adaptação nos moldes americanos para uma emocionante história real japonesa, a do cão Hachiko. O canino da raça Akita acompanhava o seu dono, um professor, todos os dias à estação de trem de Shibuya, além de esperá-lo todos os dias no horário em que voltava. Depois da morte do professor, contudo, Hachiko continuou a realizar os mesmos hábitos diariamente, esperando o dono que nunca retornou. Tal fato começou a ganhar repercussão na imprensa e após a morte de Hachiko este tornou-se estátua na referida cidade, além de despertar uma verdadeira mania de criação de akitas no Japão, uma vez que a história se tornou uma verdadeira lenda no país. Só com esta breve sinopse, já dá pra imaginar que será difícil você conter as lágrimas durante a projeção.

Nesta versão hollywoodiana, o professor universitário é interpretado por Richard Gere, o qual encontra o pequeno Hachi na estação de trem da cidade. Em princípio, ele reluta em adotar o cãozinho, principalmente devido à resistência de sua esposa (Joan Allen), um tanto avessa à ideia de um cão em casa. Contudo, como diz o amigo de Parker Wilson, o japonês Ken (em um filme americano sempre há um japonês para explicar a cultura oriental), não foi ele que escolheu Hachi, mas Hachi que escolheu Parker para ser seu dono. Ele tem uma vida tranqüila e feliz até o infarto que o vitima quando dava uma aula na faculdade. Esta tranquilidade da vida de Parker poderia tornar “Sempre ao Seu Lado” uma banalidade, não fosse a direção segura e suave que caracterizam a obra de Lasse Hallström, cineasta sueco responsável por outras obras com o mesmo teor, podendo-se citar aqui como um exemplo próximo em sua filmografia o longa “Minha Vida de Cachorro” (filme que o projetou para o mercado internacional). É ele o responsável pelo longa não ganhar ares de “sessão da tarde”. Apesar da vida feliz de Parker, há uma certa tristeza presente em toda a narrativa, o que já prenuncia e faz o espectador, mesmo que desconheça a história de Hachiko, perceber que algo de ruim irá acontecer.

Hallström também utiliza recursos elegantes e mesmo inusitados para desenvolver a narrativa. A utilização da visão do cão em alguns momentos, com a paleta em cores muito reduzidas, quase em p&b (tal como os cientistas afirmam ser a visão dos cachorros), é interessante e não me lembro de ter visto essa ideia em algum outro filme sobre caninos. Da mesma forma, o uso de uma árvore para demonstrar a passagem do tempo é algo inteligente e clássico. O diretor parece saber, ademais, que não é necessário super-valorizar a trama com toques excessivamente melodramáticos. Ela já possui os ingredientes necessários para fazer o público chorar. Desta forma, temos uma trilha sonora adequada, com um certo tom de melancolia, mas que não procura guiar os sentimentos do espectador.

“Sempre ao Seu Lado” é um filme pequeno, sem grandes ambições, a não ser a de emocionar o espectador e este objetivo é plenamente alcançado sem que seja necessário um espetáculo melodramático. Talvez porque a obra fale de um amor incondicional, apego este incapaz de ser reproduzido por qualquer ser humano. Aqueles que possuem cães, obviamente, irão se emocionar em dobro. Durante a sessão, uma das espectadoras chorava aos soluços, provavelmente lembrando de algum cãozinho de estimação. Se está preparado para enxugar os olhos, o programa certo para você é, decididamente, “Sempre ao Seu Lado” (por sinal, o título em português é bem melhor que o original “Hachiko: a Dog’s Story”).

Cotação: * * * ½ (três estrelas e meia)
Nota: 8,0
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