sábado, 26 de dezembro de 2009

Fiasco em Show de Padre Fábio no Machadão


Pausa no cinema para uma crítica construtiva.

O Padre Fábio de Melo realizou um show lamentável, ontem, em Natal. Tinha tudo para ser uma apresentação histórica, tendo em vista que sua realização estava agendada justo para o dia do Natal, que coincide com o aniversário da cidade, além de comemorar os 100 anos da diocese local. Contudo, o que se viu foi um show de desorganização e segregação explícita promovida pelos responsáveis pelo evento. Só tinham acesso ao gramado alguns poucos privilegiados portadores de uma pulseira verde, obviamente ideia da equipe da prefeita Micarla de Souza, a qual deve ter promovido a distribuição de tais pulseiras entre seus parentes e apadrinhados. O povão ficou restrito às arquibancadas. Pra completar, o palco foi armado não ao centro do campo, como seria natural e como vinha se fazendo em shows realizados no Machadão. A estrutura foi erguida do lado oposto ao da arquibancada a qual o público tinha acesso. Resultado: o padre era visto como um ponto distante da multidão (a qual se resumiu a pouco mais de 10.000 pessoas, aquém do esperado), sendo sua figura bem visualizada apenas através dos telões. Pra completar, o principal elemento em um show, o som, também não estava a contento, não sendo possível ouvir com clareza as suas reflexões e mensagens. Um fiasco que levou muitos dos presentes a deixarem o estádio antes do fim da apresentação. Na saída, o que mais se ouvia eram comentários como “se é de ver assim, melhor ficar em casa e assistir pela TV”. Como cereja do bolo, houve tumulto após o término do show, já que apenas um dos portões estava aberto, sendo necessário a polícia militar agir para evitar problemas maiores, abrindo um outro portão.

Admiro o Padre Fábio pela sua oratória e estímulo a uma fé aliada à reflexão, diferente de muitos religiosos que estimulam uma fé ingênua. Suas músicas também costumam ser inspiradas e dentro desta linha reflexiva. No entanto, mesmo que, obviamente, ele não seja o responsável pela organização dos eventos, deveria ter cuidado de alertar os responsáveis para não promover autênticas segregações e distanciamentos das massas, em detrimento do conforto deferido a uma casta de privilegiados. Afinal, como sabe o padre mais do que ninguém, todos somos iguais perante os olhos de Deus e, ainda, como diz uma de suas canções: “todo homem é bom”. E é com respeito que merece ser tratado.

Em tempo: e foram R$ 221 mil gastos do dinheiro público para promover este festival de elitismo. Realmente, lamentável...
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