Mais um blockbuster mais ou menos
Você já leu, ou por acaso já ouviu falar, de uma HQ dos X-Men chamada “Dias de Um Futuro Esquecido”? Não? Pois me deixe contar alguns detalhes da trama desse clássico do grupo mutante. Produto da fase espetacular da parceria entre Chris Claremont e John Byrne, a trama mostrava os mutantes, já envelhecidos, vivendo em um mundo dominado pelos sentinelas, super-robôs programados para caçar mutantes que terminaram por se rebelar e se colocar também contra a humanidade. Para tentar alterar o passado, mudando os acontecimentos que acabariam por levar o governo a reativar os sentinelas, a mente de Kitty Pride, já uma mulher madura, é transportada para a da jovem Kitty, ainda uma adolescente (numa dessas “viagens” típicas dos quadrinhos). A morte de um senador é então evitada e isso traz esperança de que o futuro possa ser melhor. A narrativa acima lhe parece familiar? A mim, sempre pareceu. Lembra muito a trama de um certo filme que se tornou cult nos anos 80, “O Exterminador do Futuro”, longa que acabou sendo responsável por catapultar Arnold Schwarzenegger ao estrelato. Imagino que James Cameron, seu diretor, um assumido fã de quadrinhos, deve ter se inspirado na famosa estória dos X-Men para realizar o filme, até porque a HQ foi escrita algum tempo antes do lançamento da produção.
Bem, a verdade é que “Terminator” acabou se tornando um marco tanto no quesito ação, quanto no gênero da ficção científica. E a sua continuação, lançada em 1991, acabou não apenas por se tornar o filme mais caro de todos os tempos até então, mas, principalmente, foi um enorme sucesso de público e crítica. No segundo episódio, Cameron depurou ainda mais a sua técnica, transformando a película em um dos melhores filmes de ação de todos os tempos. Aliás, arrisco a dizer que Cameron talvez seja o melhor diretor de cenas de ação na história, além de ter um faro pop quase infalível. Não é à toa que, anos mais tarde, ele viria a dirigir o maior sucesso comercial da história de Hollywood (“Titanic”, claro). Entretanto, o terceiro episódio da franquia (2003) acabou se tornando uma baita decepção para aqueles já acostumados ao virtuosismo de Cameron. Dirigido por Jonathan Mostow, o longa não apenas repetiu a fórmula do segundo filme (dois exterminadores lutando), como também deixou muito a desejar nas cenas de correria, sempre tremidas, com cortes abruptos, que muitas vezes faziam os espectadores não entenderem o que se passava na tela. A única lembrança mais forte do filme é a da robô-mulher correndo pelada pelas ruas...
Mas eis que agora surge este “O Exterminador do Futuro: A Salvação”, buscando recuperar o prestígio perdido dos robozões. Dirigido por McG (de “As Panteras” e “As Panteras Detonando”), o longa tem como ponto forte finalmente mostrar o tal mundo dominado pelas máquinas tão citado nas outras produções. Podemos, assim, ver no que a Terra se transformou, em imagens que emulam obras já clássicas como “Mad Max”. Ademais, McG parece ter se tornado um bom aluno de Cameron no quesito ação. Várias são as sequências memoráveis ao longo da projeção, com destaque especial para aquela onde surgem os motoexterminadores.
Seria tudo ótimo e perfeitinho não fosse o roteiro fraquejar em diversos momentos. Escrito por John Brancato e Michael Ferris (os mesmos do terceiro longa), a trama mostra John Connor (Christian Bale, cujo faniquito durante as filmagens virou hit no Youtube) já como um líder respeitado da “Resistência” (muito embora o filme não mostre o porquê disso). Ele está em busca do seu pai, Kyle Reese (Anton Yelchin), ainda um adolescente (pra quem não se lembra, Kyle é o membro da resistência que volta ao passado para proteger Sarah Connor, no primeiro longa, a acaba por se tornar o pai de John Connor), já que o mesmo está sendo perseguido pelas máquinas da Skynet. Ao mesmo tempo, vemos surgir um novo personagem, Marcus Wright (Sam Worthington, ótimo), um condenado à morte que é submetido a uma experiência em 2003 e acaba acordando em 2018, sem entender nada do que lhe aconteceu. Até aqui, nenhum grande problema. A mistura desanda no seu desenvolvimento. Os diálogos são ruins (como o péssimo texto do encontro entre Marcus e Kylle) e as relações entre os personagens são apressadas e mal desenvolvidas. Blair (Moon Bloodgood, bonita), a integrante da Resistência que encontra Marcus, se afeiçoa rápido demais pelo mesmo e trama, como mostrada, acaba dando mais enfoque ao personagem de Marcus do que ao de John Connor e, pelo menos dessa vez, Bale não teve culpa de seu desempenho acabar esmaecido pelo do coadjuvante. Além disso, como não poderia deixar de ser, tendo em vista a cronologia embolada da franquia (é bom dizer que não vi qualquer episódio da série “Sarah Connor Chronicles”), existem muitos elementos que não ficam claros e o filme, é bom de antemão falar, não é recomendado para quem não assistiu aos demais episódios. Talvez até isso explique porque ele não está indo muito bem nas bilheterias USA.
Com um final um tanto exagerado e descambando para o melodrama, McG , contudo, sabe como fisgar os fãs da série colocando referências bem encaixadas (estão lá a frase “I’ll be back” e a famosa trilha do Guns para “Terminator 2”) e, principalmente, como já dito acima, com ação e efeitos especiais eficientes (bem melhores que os de “Wolverine”). A verdade é que a atual safra de blockbusters está bem decepcionante, com longas apenas razoáveis, bem diferente da safra 2008, que teve filmes empolgantes como “Homem de Ferro” e, principalmente, “O Cavaleiro das Trevas”. Esperemos que a do próximo ano traga melhores frutos.
Ah, há uma participação especial do Arnoldão. Fique de olho.
Classificação: * * * (três estrelas)
Nota: 7,5
Você já leu, ou por acaso já ouviu falar, de uma HQ dos X-Men chamada “Dias de Um Futuro Esquecido”? Não? Pois me deixe contar alguns detalhes da trama desse clássico do grupo mutante. Produto da fase espetacular da parceria entre Chris Claremont e John Byrne, a trama mostrava os mutantes, já envelhecidos, vivendo em um mundo dominado pelos sentinelas, super-robôs programados para caçar mutantes que terminaram por se rebelar e se colocar também contra a humanidade. Para tentar alterar o passado, mudando os acontecimentos que acabariam por levar o governo a reativar os sentinelas, a mente de Kitty Pride, já uma mulher madura, é transportada para a da jovem Kitty, ainda uma adolescente (numa dessas “viagens” típicas dos quadrinhos). A morte de um senador é então evitada e isso traz esperança de que o futuro possa ser melhor. A narrativa acima lhe parece familiar? A mim, sempre pareceu. Lembra muito a trama de um certo filme que se tornou cult nos anos 80, “O Exterminador do Futuro”, longa que acabou sendo responsável por catapultar Arnold Schwarzenegger ao estrelato. Imagino que James Cameron, seu diretor, um assumido fã de quadrinhos, deve ter se inspirado na famosa estória dos X-Men para realizar o filme, até porque a HQ foi escrita algum tempo antes do lançamento da produção.
Bem, a verdade é que “Terminator” acabou se tornando um marco tanto no quesito ação, quanto no gênero da ficção científica. E a sua continuação, lançada em 1991, acabou não apenas por se tornar o filme mais caro de todos os tempos até então, mas, principalmente, foi um enorme sucesso de público e crítica. No segundo episódio, Cameron depurou ainda mais a sua técnica, transformando a película em um dos melhores filmes de ação de todos os tempos. Aliás, arrisco a dizer que Cameron talvez seja o melhor diretor de cenas de ação na história, além de ter um faro pop quase infalível. Não é à toa que, anos mais tarde, ele viria a dirigir o maior sucesso comercial da história de Hollywood (“Titanic”, claro). Entretanto, o terceiro episódio da franquia (2003) acabou se tornando uma baita decepção para aqueles já acostumados ao virtuosismo de Cameron. Dirigido por Jonathan Mostow, o longa não apenas repetiu a fórmula do segundo filme (dois exterminadores lutando), como também deixou muito a desejar nas cenas de correria, sempre tremidas, com cortes abruptos, que muitas vezes faziam os espectadores não entenderem o que se passava na tela. A única lembrança mais forte do filme é a da robô-mulher correndo pelada pelas ruas...
Mas eis que agora surge este “O Exterminador do Futuro: A Salvação”, buscando recuperar o prestígio perdido dos robozões. Dirigido por McG (de “As Panteras” e “As Panteras Detonando”), o longa tem como ponto forte finalmente mostrar o tal mundo dominado pelas máquinas tão citado nas outras produções. Podemos, assim, ver no que a Terra se transformou, em imagens que emulam obras já clássicas como “Mad Max”. Ademais, McG parece ter se tornado um bom aluno de Cameron no quesito ação. Várias são as sequências memoráveis ao longo da projeção, com destaque especial para aquela onde surgem os motoexterminadores.
Seria tudo ótimo e perfeitinho não fosse o roteiro fraquejar em diversos momentos. Escrito por John Brancato e Michael Ferris (os mesmos do terceiro longa), a trama mostra John Connor (Christian Bale, cujo faniquito durante as filmagens virou hit no Youtube) já como um líder respeitado da “Resistência” (muito embora o filme não mostre o porquê disso). Ele está em busca do seu pai, Kyle Reese (Anton Yelchin), ainda um adolescente (pra quem não se lembra, Kyle é o membro da resistência que volta ao passado para proteger Sarah Connor, no primeiro longa, a acaba por se tornar o pai de John Connor), já que o mesmo está sendo perseguido pelas máquinas da Skynet. Ao mesmo tempo, vemos surgir um novo personagem, Marcus Wright (Sam Worthington, ótimo), um condenado à morte que é submetido a uma experiência em 2003 e acaba acordando em 2018, sem entender nada do que lhe aconteceu. Até aqui, nenhum grande problema. A mistura desanda no seu desenvolvimento. Os diálogos são ruins (como o péssimo texto do encontro entre Marcus e Kylle) e as relações entre os personagens são apressadas e mal desenvolvidas. Blair (Moon Bloodgood, bonita), a integrante da Resistência que encontra Marcus, se afeiçoa rápido demais pelo mesmo e trama, como mostrada, acaba dando mais enfoque ao personagem de Marcus do que ao de John Connor e, pelo menos dessa vez, Bale não teve culpa de seu desempenho acabar esmaecido pelo do coadjuvante. Além disso, como não poderia deixar de ser, tendo em vista a cronologia embolada da franquia (é bom dizer que não vi qualquer episódio da série “Sarah Connor Chronicles”), existem muitos elementos que não ficam claros e o filme, é bom de antemão falar, não é recomendado para quem não assistiu aos demais episódios. Talvez até isso explique porque ele não está indo muito bem nas bilheterias USA.
Com um final um tanto exagerado e descambando para o melodrama, McG , contudo, sabe como fisgar os fãs da série colocando referências bem encaixadas (estão lá a frase “I’ll be back” e a famosa trilha do Guns para “Terminator 2”) e, principalmente, como já dito acima, com ação e efeitos especiais eficientes (bem melhores que os de “Wolverine”). A verdade é que a atual safra de blockbusters está bem decepcionante, com longas apenas razoáveis, bem diferente da safra 2008, que teve filmes empolgantes como “Homem de Ferro” e, principalmente, “O Cavaleiro das Trevas”. Esperemos que a do próximo ano traga melhores frutos.
Ah, há uma participação especial do Arnoldão. Fique de olho.
Classificação: * * * (três estrelas)
Nota: 7,5
Nenhum comentário:
Postar um comentário