A mulher ideal pode ser visível
A comédia romântica é, historicamente, um gênero voltado para o público feminino. Normalmente são as namoradas, esposas, “amigas” ou ficantes (ou qualquer outra coisa mais moderna que exista) que convencem os marmanjos a irem ao cinema assistir a esse tipo de filme, costumeiramente repleto de clichês românticos e previsível no desenrolar do roteiro. Um lugar seguro para os produtores e diretores pouco corajosos que têm, nesse gênero, uma quase certeza de retorno do investimento feito. No Brasil não é diferente. A Globo Filmes rotineiramente tem jogado no circuito cinematográfico comercial longas nessa linha, com ainda maiores requintes de mediocridade, já que gosta de transformar filmes em episódios de suas séries televisivas. É a TV no circuitão, com o que ela tem de bom e de ruim (mais dessa última alternativa).
Pois bem, no meio desse quadro desesperançado da comédia romântica brasileira, eis que surge este “A Mulher Invisível”, longa-metragem que me chamou a atenção pela sua sinopse um tanto original (apesar de ser uma produção Globo Filmes). Eu, pelo menos, não lembro de nenhum outro filme que tenha tido como premissa o namoro de um homem com uma mulher perfeita: linda, deliciosa, que gosta de futebol (acompanha o campeonato até da 3ª divisão), faz a faxina da casa de lingerie e não tem ataques de ciúme com eventuais traições. Uma mulher ideal que se materializa, mas que só ele vê e ouve, pois ela não existe, ou melhor, só existe em sua mente. Essa premissa, por si só diferente, me levou ao cinema neste domingo. Meus instintos cinematográficos me diziam que talvez eu fosse gostar do que eu iria ver (não só pela presença da Luana Piovani, a tal mulher invisível). E acabei não me arrependendo da escolha.
Dirigido por Cláudio Torres (de “Redentor”) e protagonizado pelo maior astro do cinema nacional atual, Selton Mello, “A Mulher Invisível” consegue quebrar dois dos parâmetros que apontei acima. Como afirmado no parágrafo anterior, ele consegue fugir dos clichês do gênero e, em segundo lugar, apresenta um raro viés masculino na sua abordagem. A perspectiva mostrada é a de um homem traído a abandonado pela esposa (Maria Luíza Mendonça), que fica grávida de um gringo alemão e vai embora com ele. Até a amizade a que se dá maior enfoque é a masculina, num ótimo timing obtido entre Selton e Vladimir Brichta, que interpreta o melhor amigo, numa abordagem que não poupa as típicas conversas masculinas. Mas, calma garotas, o filme está longe de ser misógino. Pedro é, antes de tudo, um homem romântico, um apaixonado que parece não conseguir mais superar a sua desilusão. E é por isso que surge a mulher invisível. E, antes que comecem a pensar que a única personagem feminina relevante da trama é a Amanda da Luana Piovani, devo lhes dizer que há outra igualmente relevante, Vitória (interpretada pela ótima Maria Manoella), uma vizinha que sempre foi apaixonada por Pedro, mas que ele nunca enxergou.
O roteiro (escrito a oito mãos por Cláudio Torres, Adriana Falcão, Cláudio Paiva e Maria Luísa Mendonça) se desenvolve redondamente e todo o elenco está afiado. É bom até ressaltar que os coadjuvantes estão longe de ser aquelas figuras que existem apenas para ouvir os personagens principais. Todos eles acabam interferindo diretamente nos rumos da trama e são personagens muito bem desenvolvidos. Claro, Luana Piovani está ali para ser a gostosa, transpirando sensualidade por todos os poros, um deleite para os olhos, tendo uma atuação que lembra bastante as de Marilyn Monroe. Mas, se em alguns momentos sua beleza e sensualidade hipnotizam, é mesmo Selton Mello quem rouba a cena. Embora repetindo alguns tiques e facetas de atuações anteriores, Selton dá um verdadeiro show ao longo de toda a película. Vários são os momentos hilários ao longo da projeção e isso se deve, em muito, à sua atuação. É vendo Selton nesse filme que entendemos o porquê do mesmo ser considerado a grande estrela do cinema brasileiro na atualidade.
Mas tudo se mostra a contento no filme. Bem dirigido e editado, também é possível afirmar que este é um dos raros exemplares em que uma produção nacional soube usar adequadamente uma trilha sonora pop. Estão lá canções de Janis Joplin a Ramones (não vou dizer quais para não perder a graça) todas perfeitamente adequadas aos momentos em que são inseridas e elas tornam a experiência ainda mais divertida. Ademais, a fuga dos clichês se dá também na resolução do longa. São apresentados novos caminhos e é interessante como o diretor resistiu à tentação de cair na pieguice até mesmo na cena final. Registre-se que há um clima de sensualidade bastante agradável na película, sem ao mesmo tempo ser apelativo.
No fim, Cláudio Torres conseguiu realizar um filme que vai agradar tanto ao público masculino, quando ao feminino. Há ingredientes suficientes para agradar a todos e tudo isso sem apelar para a mesmice. Não que vá fazer história, nada disso. Mas é uma ótima diversão, que vai fazer os namorados saírem abraçados do cinema e provavelmente bem dispostos para uma noite “caliente”. Aliás, se você, rapaz, está procurando um programinha ameno, mas que pode render bons frutos, para levar aquela gatinha que aceitou sair com você, esta é uma boa opção. Quem sabe ela não pode ser a sua mulher ideal? E quem, sabe, menina, ele não pode ser o seu príncipe encantado? As maiores surpresas podem estar bem próximas de você.
Classificação: * * * * (4 estrelas)
Nota: 9,0.
Pois bem, no meio desse quadro desesperançado da comédia romântica brasileira, eis que surge este “A Mulher Invisível”, longa-metragem que me chamou a atenção pela sua sinopse um tanto original (apesar de ser uma produção Globo Filmes). Eu, pelo menos, não lembro de nenhum outro filme que tenha tido como premissa o namoro de um homem com uma mulher perfeita: linda, deliciosa, que gosta de futebol (acompanha o campeonato até da 3ª divisão), faz a faxina da casa de lingerie e não tem ataques de ciúme com eventuais traições. Uma mulher ideal que se materializa, mas que só ele vê e ouve, pois ela não existe, ou melhor, só existe em sua mente. Essa premissa, por si só diferente, me levou ao cinema neste domingo. Meus instintos cinematográficos me diziam que talvez eu fosse gostar do que eu iria ver (não só pela presença da Luana Piovani, a tal mulher invisível). E acabei não me arrependendo da escolha.
Dirigido por Cláudio Torres (de “Redentor”) e protagonizado pelo maior astro do cinema nacional atual, Selton Mello, “A Mulher Invisível” consegue quebrar dois dos parâmetros que apontei acima. Como afirmado no parágrafo anterior, ele consegue fugir dos clichês do gênero e, em segundo lugar, apresenta um raro viés masculino na sua abordagem. A perspectiva mostrada é a de um homem traído a abandonado pela esposa (Maria Luíza Mendonça), que fica grávida de um gringo alemão e vai embora com ele. Até a amizade a que se dá maior enfoque é a masculina, num ótimo timing obtido entre Selton e Vladimir Brichta, que interpreta o melhor amigo, numa abordagem que não poupa as típicas conversas masculinas. Mas, calma garotas, o filme está longe de ser misógino. Pedro é, antes de tudo, um homem romântico, um apaixonado que parece não conseguir mais superar a sua desilusão. E é por isso que surge a mulher invisível. E, antes que comecem a pensar que a única personagem feminina relevante da trama é a Amanda da Luana Piovani, devo lhes dizer que há outra igualmente relevante, Vitória (interpretada pela ótima Maria Manoella), uma vizinha que sempre foi apaixonada por Pedro, mas que ele nunca enxergou.
O roteiro (escrito a oito mãos por Cláudio Torres, Adriana Falcão, Cláudio Paiva e Maria Luísa Mendonça) se desenvolve redondamente e todo o elenco está afiado. É bom até ressaltar que os coadjuvantes estão longe de ser aquelas figuras que existem apenas para ouvir os personagens principais. Todos eles acabam interferindo diretamente nos rumos da trama e são personagens muito bem desenvolvidos. Claro, Luana Piovani está ali para ser a gostosa, transpirando sensualidade por todos os poros, um deleite para os olhos, tendo uma atuação que lembra bastante as de Marilyn Monroe. Mas, se em alguns momentos sua beleza e sensualidade hipnotizam, é mesmo Selton Mello quem rouba a cena. Embora repetindo alguns tiques e facetas de atuações anteriores, Selton dá um verdadeiro show ao longo de toda a película. Vários são os momentos hilários ao longo da projeção e isso se deve, em muito, à sua atuação. É vendo Selton nesse filme que entendemos o porquê do mesmo ser considerado a grande estrela do cinema brasileiro na atualidade.
Mas tudo se mostra a contento no filme. Bem dirigido e editado, também é possível afirmar que este é um dos raros exemplares em que uma produção nacional soube usar adequadamente uma trilha sonora pop. Estão lá canções de Janis Joplin a Ramones (não vou dizer quais para não perder a graça) todas perfeitamente adequadas aos momentos em que são inseridas e elas tornam a experiência ainda mais divertida. Ademais, a fuga dos clichês se dá também na resolução do longa. São apresentados novos caminhos e é interessante como o diretor resistiu à tentação de cair na pieguice até mesmo na cena final. Registre-se que há um clima de sensualidade bastante agradável na película, sem ao mesmo tempo ser apelativo.
No fim, Cláudio Torres conseguiu realizar um filme que vai agradar tanto ao público masculino, quando ao feminino. Há ingredientes suficientes para agradar a todos e tudo isso sem apelar para a mesmice. Não que vá fazer história, nada disso. Mas é uma ótima diversão, que vai fazer os namorados saírem abraçados do cinema e provavelmente bem dispostos para uma noite “caliente”. Aliás, se você, rapaz, está procurando um programinha ameno, mas que pode render bons frutos, para levar aquela gatinha que aceitou sair com você, esta é uma boa opção. Quem sabe ela não pode ser a sua mulher ideal? E quem, sabe, menina, ele não pode ser o seu príncipe encantado? As maiores surpresas podem estar bem próximas de você.
Classificação: * * * * (4 estrelas)
Nota: 9,0.
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