sábado, 6 de junho de 2009

Filmes Para Ver Antes de Morrer



Alfred Hitchcock: 7 Filmes Essenciais



Há algum tempo, eu estava na banca de DVDs de Ronaldo, lá na Av. Rio Branco, quando me deparei com o clássico “A Dama Oculta” por um preço bastante convidativo: apenas R$ 9,00. Pedi ajuda a um rapaz que trabalha na banca para pegar o DVD, pois que estava embaixo de vários outros e poderia acabar derrubando a pilha inteira caso fosse tentar sozinho. Ao ver o nome do diretor estampado em letras garrafais na caixa, o rapaz exclamou:

- Esse é um filme daquele Hitch... Hitchcock?

Eu disse:

- Sim, de Alfred Hitchcock. Um gênio!
- Já ouvi falar muito nos filmes dele. São muito bons, né?
- São excelentes! Sempre que tiver oportunidade, assista a um filme dele.
- É, né? Obrigado pela dica!
- De nada!

Esse breve diálogo serve para exemplificar o tamanho da fama e popularidade atingida por Alfred Hitchcock, o lendário diretor que praticamente criou o gênero do suspense. Ídolo de vários outros grandes cineastas (o exemplo clássico é o de François Truffaut), a simples presença do seu nome nos créditos de um filme já desperta curiosidade e mesmo familiaridade até mesmo entre aqueles que nunca viram um dos seus longas, até mesmo entre pessoas pouco habituadas com a freqüentar sala escura ou mesmo a assistir a filmes em casa. Mesmo após quase 30 anos de seu falecimento, em 1980, seu nome continua lembrado, rivalizando em popularidade com Steven Spielberg. Dono de um estilo inconfundível, primando por uma narrativa eminentemente visual, Hitchcock também é responsável por uma obra prolífica, que resultou em mais de 50 longas apenas para o cinema (é bom lembrar que ele também realizou filmes para TV, além de dirigir uma série televisiva).

Pensando nessa quantidade absurda de longas, resolvi elaborar uma lista de 7 filmes essenciais deste diretor também essencial. Não sei afirmar se são os melhores, realmente, vez que também ainda não consegui, até hoje, assistir a todos os seu filmes (muito embora alguns desta lista sejam indiscutíveis obras-primas, com toda certeza). De qualquer forma, serve como um norte para aqueles que quiserem iniciar sua apreciação da obra do grande mestre. Vamos a eles então (a lista não tem ordem de preferência).


- Psicose – Verdadeiro marco na história do cinema, “Psicose” é um daqueles filmes que despertam lembranças mesmo em quem nunca o viu. Afinal, quem nunca assistiu pelo menos uma vez na vida à famosa seqüência do assassinato no chuveiro (para a qual foram necessárias mais de 70 posições de câmera e 7 dias de filmagem)? Ou sequer tenha escutado a famosa trilha sonora com os estridentes violinos de Bernard Herrmann (um dos maiores compositores de trilhas em todos os tempos)? O interessante é que “Psycho” foi recebido de forma um tanto fria pela crítica da época (provando que muitas vezes os críticos erram feio em suas avaliações). Por outro lado, foi um gigantesco sucesso de público, o qual se apinhava em filas que dobravam quarteirões para assistir a uma sessão. A história do assassino Norman Bates tornou-se parte do inconsciente coletivo mundial deste então, marcando irremediavelmente a carreira de Anthony Perkins, que jamais conseguiu se livrar da sombra do personagem. Alerta: fique sempre com esse aqui e fuja das continuações e mesmo do remake inútil do Gus Van Sant. Quem avisa amigo é.


- Janela Indiscreta – Outro marco da carreira do diretor, “Rear Window” traduz em imagens aquele lado voyeur que todos nós temos ao narrar os dias ociosos de um fotógrafo que tem a sua perna quebrada e mata o tempo observando a vida alheia em seu condomínio. Um belo dia, ele começa a desconfiar que um de seus vizinhos matou a esposa e a enterrou no pátio do edifício e busca solucionar o mistério com a ajuda de sua amiga/namorada linda e loira, além de sua enfermeira. Com magnífica interpretação de James Stewart e a presença estonteante de Grace Kelly (a sua primeira cena no filme é de uma beleza impactante), o filme não só trata do voyeurismo, mas também, como de hábito nos filmes de Hitchcock, das tensões e jogos sexuais homem-mulher. Só não dá pra entender como o personagem de Stewart consegue se manter frio diante de Grace Kelly e ficar mais interessado em observar o que acontece nas janelas alheias. Esse cara é louco ou é gay?


- Um corpo Que Cai – Filme genial de atmosfera estranha e assombrada, onde Hitchcock trabalha abertamente com elementos sobrenaturais. Nele, vemos o personagem de um ex-policial (mais uma vez James Stewart), que deixou a carreira por não ter conseguido salvar um colega devido à sua fobia de altura (daí o título original, “Vertigo”), tornar-se detetive particular e ser contratado por um amigo para investigar sua esposa (Kim Novak, representando a loira gélida, uma das famosas obsessões do diretor). Após a morte desta, que se suicida se jogando de um campanário, o detetive acaba encontrando uma outra mulher, sósia da falecida, a qual ele tenta transformar aos poucos em uma verdadeira reencarnação da anterior. Cheio de imagens que beiram o surrealismo e com uma trilha sonora inspirada e adequadamente sombria de Bernard Herrmann, “Vertigo” é uma obra que cresce em sua mente à medida que o tempo passa, até mesmo porque seu desfecho não é exatamente claro. Para ver e rever.



- Os Pássaros – Talvez a obra de Hitchcock que mais se aproxime de um autêntico filme de terror, ao lado do mencionado “Psicose”. Sem qualquer explicação, milhares de pássaros passam a atacar e matar os moradores da pequena cidade litorânea de “Bodega Bay”. Protagonizado pela ex-modelo Tippi Hendren, escolhida a dedo pelo diretor, este é dos longas mais enigmáticos do mestre. Muitos acreditam que seja uma manifestação de misoginia do mesmo, uma vez que “birds” também é uma gíria para mulheres em inglês. A irritação de Hitchcock talvez viesse da aposentadoria precoce de Grace Kelly, sua atriz favorita e amor inconfesso, que deixou a carreira para se tornar princesa de Mônaco. Também possui o final mais aberto de toda a sua longa carreira (o que pode deixar alguns insatisfeitos). Depois de assistir a esse filme, talvez você nunca mais veja os pássaros, estes animais tão belos e puros, da mesma forma.

- O Homem Que Sabia Demais (versão de 1956) – Refilmagem que o próprio diretor realizou de um de seus filmes ainda da fase inglesa, e que mostra o quanto ele aprimorou sua técnica narrativa e imagética. Considero este seu melhor filme sobre um tema recorrente em sua carreira, o do homem errado, aquele que é acusado/perseguido por ser confundido com outra pessoa ou que se envolve involuntariamente em tramas povoadas por reviravoltas e peripécias. É ainda melhor que “Intriga Internacional”, com o Cary Grant, que costuma ser mais reverenciado pela crítica. Mais uma vez com Stewart como protagonista, o trama mostra um médico americano em férias no Marrocos com sua esposa (Doris Day) e filhos. Por acaso, ele acaba descobrindo uma trama de assassinato internacional e tem seu filho seqüestrado por um casal de agentes ingleses, que se passavam por turistas, numa forma de garantir que ele vai manter sua boca fechada. Tem uma das melhores sequências já filmadas pelo mestre, no Albert Hall, durante um concerto sob regência do próprio Bernard Herrmann. Empolgante, também nos presenteia com os talentos vocais de Doris Day.




- Frenesi – Mais um a abordar a mencionada temática do “homem errado”. Neste Hitchcock temporão (um dos últimos da carreira do diretor), Jon Fich é acusado de ser o “Assassino da Gravata”, serial killer que vem aterrorizando Londres estuprando e estrangulando mulheres com essa peça do vestuário masculino. O filme é repleto de humor negro, além de ser visualmente bastante explícito em sua violência, sendo os assassinatos mostrados em detalhes mórbidos. Há ainda uma subtrama pra lá de divertida, onde o inspetor de polícia encarregado do caso se vê às voltas com os terríveis jantares “gourmet” preparados por sua esposa que está fazendo um curso de culinária. Uma excelente retomada do tema abordado pelo cineasta em um dos seus primeiros filmes, “O Inquilino”.


- Disque M Para Matar – O primeiro filme de Hitchcock com Grace Kelly, então uma estrela em ascensão. Já comentei sobre ele neste blog. A narrativa aborda o plano de um marido para matar sua esposa adúltera e ficar com o dinheiro do seguro. O roteiro se desenvolve quase que por completo em um único ambiente, o apartamento do casal, mas é extremamente envolvente e divertido. Este esquema narrativo lembra bastante “Festim Diabólico”, longa anterior que se passa completamente no interior de um apartamento. Todavia, “Disque M” resulta mais eficiente e bem acabado. O filme é uma das primeiras experiências cinematográficas em 3D (é, a coisa é bem antiga mesmo).

Ah, e não esqueça de procurar pelas aparições do velho mestre em cada uma dessas películas. Bons hitchcocks para você!
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