sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Filmes Para Ver Antes de Morrer

Ontem foi 11 de setembro e é impossível qualquer ser humano que tinha o mínimo de discernimento na ocasião não lembrar dos eventos ocorridos nesta data há 7 anos. No embalo, as emissoras de TV programaram para esta semana filmes que remetem a tais eventos. Só para citar o exemplos dos canais abertos, a Globo exibiu em sua "Tela Quente" o filme feito para TV "Vôo 93", piegas e cheio de patriotadas. Já a Record exibiu ontem este que aqui recomendo "Vôo United 93", de Paul Greengrass, talvez o melhor filme feito até aqui sobre os fatos que marcaram esta década. Segue abaixo a resenha que escrevi na época do lançamento em circuito nacional.

Vôo United 93

(United 93)


Documento do Terror


Impactante. Talvez seja esta a melhor palavra para definir “Vôo 93” (ou “Vôo United 93”, conforme traduzido por alguns), o novo longa de Paul Greengrass. O filme narra a história do único avião seqüestrado no dia 11 de setembro de 2001 que não atingiu seu alvo, o qual seria provavelmente o Capitólio ou, em uma segunda hipótese, a Casa Branca.

Utilizando uma técnica quase documental, já experimentada em “Domingo Sangrento” (sobre os mesmos episódios irlandeses que levaram o U2 a compor “Sunday Bloody Sunday”), Greengrass nos coloca quase que em contato direto com os personagens mais próximos dos eventos daquele triste dia. Idéia esta ainda mais reforçada pela presença de pessoas que realmente estavam lá, como alguns dos controladores de vôo que vemos em cena, além de Bem Sliney, que faz seu próprio papel no filme como diretor da F.A.A. (órgão responsável pela administração da aviação nos EUA). Neste ponto, vale a observação de que “Vôo 93” é mais um longa que atenua os limites entre ficção e documentário, tendência que vem se tornando forte nos últimos anos, não só com os “ficções aproximando-se dos documentários”, como também no sentido “documentários aproximando-se do estilo ficcional”.

E talvez seja esta a melhor forma de narrar um evento traumático que abalou toda a sociedade contemporânea. As peripécias emocionais mostradas por Oliver Stone em “As Torres Gêmeas” soam descartáveis diante de um episódio por si só suficientemente dramático (muito embora o longa de Stone tenha seus bons momentos e não chegue a ser a “bomba” que alguns afirmaram por aí). Em casos assim, frieza e objetividade falam melhor do que qualquer apelação piegas. Qualquer adicional pode soar como uma extravagância.

A câmera nervosa de “Vôo 93” nos conduz à situação de tensão dos controladores , na primeira parte do filme (que mostra a dificuldade dos mesmos entenderem o que estava acontecendo). Já na segunda metade, o foco se concentra, com uma carga de tensão ainda maior, nos passageiros do United Airlines que dá título ao filme. Somos levados a acompanhar toda a situação de desespero pela qual eles passaram, mostrada em todos os detalhes, desde o espanto no momento em que tomam conhecimento do seqüestro, até a resignação com a morte, quando então começam a se despedir de seus entes queridos através dos telefones. Ou mesmo a tentativa, que acabou se mostrando suicida, de escapar de destino tão terrível.

Aliás, talvez o melhor do filme seja mostrar que a tentativa de tomar o controle do avião, em uma atitude desesperada, não se deveu a sentimentos “patrióticos”, como tentou fazer-nos acreditar o governo americano, durante os dias que se seguiram ao 11 de setembro. Eram seres humanos como eu e você que lê esta resenha: queriam apenas seguir suas vidas, junto às pessoas que amavam.

Classificação: ***** (cinco estrelas).

Nota: 10,0.
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