quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Missão Impossível - Protocolo Fantasma


Vale o ingresso e a pipoca


Esta produção marca a migração do diretor Brad Bird, de animações como “Os Incríveis” e “Ratatouille”, para o mundo live-action e a verdade é que acabou sendo bem-sucedida, muito embora inegavelmente ainda tenha vários aspectos a melhorar. Talvez o mais importante deles seja o cuidado com o desenvolvimento do roteiro (escrito por André Nemec e Josh Appelbaum) um tanto esfarrapado, com um vilão mal trabalhado e cheio de situações forçadas para gerar sequências de ação. E aqui apontamos o ponto mais positivo do longa-metragem: estas sequências aventureiras são realmente de tirar o fôlego do espectador, compensando em muito o preço do ingresso para a sala escura.

Na trama, Ethan Hunt (Tom Cruise, também produtor e parecendo que saiu de um tanque de formol) acaba de concluir uma missão onde esteve enclausurado em um presídio russo para já engatar uma outra aventura: roubar códigos de ativação de armas nucleares escondidos a sete chaves no Kremlin para evitar que os mesmos caiam nas mão de um terrorista que pretende causar uma hecatombe nuclear. Todavia, a empreitada acaba mal para os agentes da IMF (Impossible Missions Force), a qual acaba sendo vista pelo governo americano como responsável por uma enorme explosão em Moscou (uma das cenas mais marcantes do longa, diga-se de passagem). É então que é colocado em prática o tal “protocolo fantasma” do título, desativando a força especial e desautorizando todas as suas ações, fazendo com que Ethan e seus companheiros Benji (Simon Pegg, divertidíssimo), Jane (Paula Patton) e Brandt (Jeremy Renner) tenham de agir por conta própria e com poucos recursos para tentar salvar o mundo da guerra nuclear definitiva.

Talvez a maior inovação que Bird inseriu na franquia seja o leve tom cômico que estava ausente nos outros episódios. E isso sem exageros, sabendo brincar com as próprias nuances e características da série (como a mensagem que explode depois de alguns segundos), mas sem cair no ridículo. Além disso, pegou do terceiro título a humanização dos personagens, os quais têm uma vida que vai além da espionagem. Há uma ligação muito importante entre Ethan e Brandt que diz respeito à esposa do primeiro (interpretada no terceiro filme por Michelle Monaghan) e mais não digo para não revelar demais para quem ainda não assistiu. É bom salientar ainda, nessa linha, que Bird e os roteiristas evitaram o romance fácil que poderia surgir entre Ethan e Jane, fugindo assim de um dos grandes clichês dos filmes de ação. Não se pode negar, ademais, que a química estabelecida entre os quatro integrantes do grupo foi a melhor dentre todos os episódios e acredito até que ela será repetida em futuras edições, muito embora a performance dos atores seja oscilante, principalmente Paula Patton, bastante canastrona em diversos momentos, a despeito de sua beleza. Nesse aspecto, vale dizer que Cruise faz o Ethan de sempre (mas agora com menos sorrisos colgate) e é impressionante notar como ele se mantém jovem e atlético mesmo à beira dos 50 anos, dispensando dublês na maioria das cenas de ação. Jeremy Renner tem boa presença e atuação correta, mas quem rouba mesmo a cena é o britânico Simon Pegg com o seu Benji, sempre chamando a atenção com as melhores tiradas e frases quase sempre que aparece. Por outro lado, o vilão Hendricks (Michael Nyqvist) é mesmo o grande ponto fraco da trama, com uma caracterização pífia e motivações nada convincentes (um tique negativo da maioria dos filmes de James Bond, por sinal). Ademais, como já salientado mais acima, algumas situações se mostram cheias de furos e percebemos que elas estão ali apenas para gerar sequências agitadas.

Mas estas últimas são mesmo o grande ponto alto do longa. Variando por cenários que vão de Moscou a Dubai, passando de Bombaim a Budapeste, as cenas de ação são extremamente bem dirigidas e impactantes, com edição limpa que permite que entendamos tudo que se vê na tela (Michael Bay, quando você irá aprender essa lição?), valendo destaque para as que se passam em Dubai, principalmente a escalada do edifício Burj Khalifa (o mais alto do mundo) e a tempestade de areia nas ruas da cidade (o que não deve ajudar muito no turismo dela, é bom dizer). Fico imaginando como seria vê-las em uma sala IMAX,já que a tecnologia de filmagem foi apropriada para a exibição nas telas gigantes. Com certeza, resultarão ainda mais espetaculares. Some-se a isso uma trilha sonora competente (de Michael Giacchino) que soube aproveitar muito bem o clássico tema da franquia, além de colocar músicas com nuances apropriadas para cada localidade onde o grupo se encontra.

Embora não se possa considerar este o melhor filme da série (considero o primeiro, de Brian De Palma, ainda superior) e escorregue em alguns clichês do gênero (mesmo evitando outros), "Missão Impossível - Protocolo Fantasma" não deixa muito a desejar e tem tudo para alavancar a combalida carreira do astro Cruise, bastante errática desde que teve alguns “surtos” diante das câmeras de TV. Está indo muito bem de bilheteria, tanto nos EUA quanto internacionalmente, e deverá gerar um já quase inevitável 5º episódio. Também se mostrou muito proveitoso como estreia de Brad Bird na direção de atores, deixando o conforto em que se encontrava com suas ótimas animações. Mesmo que ainda precise evoluir (e é perfeitamente natural) ele já mostrou a que veio, entregando um longa que tem tudo pare agradar o público-pipoca dos fins de semana (eu mesmo consumi um bocado de pipoca durante a sessão). Dentro da atual crise de criatividade de Hollywood, com suas cada vez mais exaustivas continuações e remakes, levar o espectador a roer as unhas e jamais se cansar diante de 2h13min de projeção já é um feito e tanto.

Cotação:

Nota: 8,0

Obs: Este é o último post de 2011. Mais uma vez aproveito para desejar um feliz ano novo para todos! Que seja um ano de muitas realizações! Até 2012!

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6 comentários:

Maxwell Soares disse...

Parece-me um excelente filme,apesar de não ser fã deste gênero. Mas, aqui ou ali me pego vendo. Fique curioso para vê-lo por causa do diretor. As duas animações (Os Incríveis e Ratatouille)são fantásticas, Fábio. Um Feliz Ano Novo para você e a todos que fazem parte do seu ciclo de amizade. Até...

bruno knott disse...

Interessante mesmo acompanhar essa migração do Brad Bird! Se teve sucesso na ação, acho que já dá pra ficar satisfeito...

Júlio Pereira disse...

Realmente, ótimo para se diverti, ao lado do primeiro é mesmo o melhor. Mas, pra sua frustração - eu imagino - a equipe não deve volta numa continuação, já que é muito provável que Jeremy Renner assuma o lugar de Tom Cruise como protagonista.

Ah, uma curiosidade que me lembrei, não sei se o tema de Missão Possível é realmente original, já que lembro dele em A Vingança dos Nerds, que é de antes.

Fábio Henrique Carmo disse...

Júlio, pelo que sei Tom Cruise ainda fará o episódio 5.

Também pelas informações que tenho, o tema é original de Missão Impossível a série de TV. Até a próxima.

Rato disse...

Ora cá está um filme que me vai economizar algum dinheiro...

Alan Raspante disse...

Falei tanto que ia ver este Missão: Impossível no cinema que acabei ainda não vendo. Enfim, pelo visto vai ficar para o DVD mesmo!