segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Oscar 2009 - Conteúdo previsível, novidade na forma



Há menos de dez minutos terminou a 81ª edição do Oscar. Logo de antemão, já adianto: nenhuma grande surpresa entre os premiados. À exceção da categoria de filme estrangeiro, todos os demais “oscarizados” estavam bastante cotados para receber seus respectivos prêmios. O grande vencedor da noite foi “Quem Quer Ser Um Milionário?”, com nada menos que 8 estatuetas, entre elas as de melhor filme, diretor e roteiro adaptado. E até uma absurda premiação de melhor canção, intitulada “Jai-ho”, bastante chata por sinal.

Mas, se a cerimônia não teve surpresas em seu conteúdo, teve na forma. A Academia procurou inovar bastante na apresentação dos prêmios e também na condução de todo o evento. Hugh Jackman mostrou-se um ótimo apresentador, com certeza o melhor dos últimos anos. A sua abertura, com um número musical que abrangia mencionava quase todos os filmes indicados a estatuetas (não apenas de melhor filme), foi muito divertida, inclusive com uma interação com a plateia poucas vezes vista. Em certo ponto do número ele carrega uma das indicadas, a Anne Hathaway, para o palco, onde esta fez uma “interpretação” de Richard Nixon numa menção ao indicado a melhor filme “Frost/Nixon”. Até as piadas de Jackman foram muito espirituosas e pensadas para que qualquer espectador, de qualquer parte do mundo, pudesse entender. Também muito bom o número que Jackman fez ao lado da Beyoncé, valorizando a nova safra de musicais, principalmente porque pudemos babar com o corpão e as pernas lindas da famosa estrela pop (para dar uma compensada, pois eu não estava vendo os desfiles do Rio, né?).

Muito interessante a forma que a academia encontrou de inovar na apresentação dos Oscars para as interpretações. Normalmente, sempre o vencedor do prêmio de melhor ator apresentava o de melhor atriz e vice-versa (a mesma coisa com os coadjuvantes). Pois agora eles convidaram 5 atores e atrizes que já venceram em suas respectivas categorias para apresentá-las. A categoria de melhor atriz teve como apresentadoras ninguém menos que Sophia Loren, Shirley MacLaine, Nicole Kidman, Marin Cotillard e Halle Barry. A ideia foi tão interessante que fazia os assistentes presentes se empolgarem de aplaudirem de pé as apresentadoras. O mesmo sucedeu com os apresentadores de melhor ator (Robert De Niro, Ben Kingsley, Adrien Brody, Anthony Hopkins e Michael Douglas).

Falando em melhor atriz e ator, quando recebeu o prêmio, Kate Winslet (sim, ela finalmente ganhou) estava com uma cara de choro meio forçada, expressão que ostentou ao longo de toda a cerimônia, parecendo até que ela também estava interpretando ali. As garotas que acompanharam pela TV dirão que o vestido dela “era lindo”, mas eu me decepcionei, pois ela não ostentava um decote tão portentoso como na entrega do SAG. Uma pena... Já Sean Penn levou aquela que talvez fosse a indicação mais disputada da noite, o prêmio de melhor ator, mas ele não esqueceu de elogiar Mickey Rourke por sua fantástica interpretação em “O Lutador”. E m seu discurso, ele também falou da relevância de se fazer filmes como “Milk” e deu um puxão de orelhas nos eleitores da Califórnia, que recentemente votaram contra a legalização do casamento gay. Também mencionou o novo momento que os EUA vivem com a eleição de Barack Obama. Ou seja, Penn venceu não apenas por sua grande atuação, mas creio que também pelo seu engajamento político, algo obviamente bastante “na moda” no atual momento da sociedade americana.

Quanto as prêmios dos coadjuvantes, nada de surpresa. Penélope Cruz levou uma estatueta com méritos (boa forma de premiar “Vicky Cristina Barcelona”) e Heath Ledger levou o Oscar póstumo na maior barbada da noite. Sua família (pai, mãe e irmã) recebeu o prêmio em um momento que emocionou a todos. Muitos presentes estavam com lágrimas nos olhos (inclusive Angelina Jolie-Pitt).

Outra novidade no Oscar foi a mudança de cenário de acordo com os prêmios a serem entregues. O cenário mais interessante foi aquele utilizado para a algumas categorias técnicas, como Direção de Arte e Maquiagem. A Academia está procurando mesmo dar uma recauchutada no conceito da festa, para subir os índices de audiência. Teve um bom começo, mas algumas coisas ainda precisam melhorar, como a sua longa duração (é, a festa continuou muito extensa). De qualquer forma, novos ares estão surgindo.

Houve ainda uma homenagem inviesada para Jerry Lewis. Em vez de premiá-lo por sua genial carreira, a Academia resolveu entregar-lhe um prêmio pela seu incentivo à filantropia, através de projetos como o Teletom. Hein? Será que os americanos nunca irão reconhecer Lewis como um cineasta de grande relevância? Coisas de Hollywood...

Mas, e o resultado foi justo? Olha, acho que a Academia lembrou que “Cidade de Deus” não havia sido premiado há alguns anos e resolveu jogar uma montanha de prêmios para cima de “Quem Quer Ser Um Milionário?”. Imagino que o Fernando Meirelles deve estar pensando nisso neste momento (e o meu preferido era o Benjamin Button).

Segue abaixo a lista completa dos vencedores.

Melhor Filme
"Quem Quer Ser Um Milionário?"

Melhor direção
"Quem Quer Ser Um Milionário?", Danny Boyle

Melhor ator

Sean Penn, "Milk - A Voz da Igualdade"

Melhor atriz
Kate Winslet, "O Leitor"

Melhor ator coadjuvante

Heath Ledger, "Batman - O Cavaleiro das Trevas"

Melhor atriz coadjuvante
Penélope Cruz, "Vicky Cristina Barcelona"

Melhor Filme de Animação

"Wall-E"

Melhor roteiro original

"Milk - A Voz da Igualdade", Dustin Lance Black

Melhor roteiro adaptado

"Quem Quer Ser Um Milionário?", Simon Beaufoy

Melhor filme estrangeiro
"Partidas" (Japão)

Melhor direção de arte

"O Curioso Caso de Benjamin Button", Donald Graham Burt, Victor J. Zolfo

Melhor fotografia

"Quem Quer Ser um Milionário?", Anthony Dod Mantle

Melhor figurino
"A Duquesa", Michael O’Connor

Melhor documentário em longa-metragem
"O Equilibrista", James Marsh, Simon Chinn

Melhor documentário em curta-metragem

"Smile Pinki", Megan Mylan

Melhor montagem

"Quem Quer Ser Um Milionário?", Chris Dickens

Melhor maquiagem
"O Curioso Caso de Benjamin Button"

Melhor trilha sonora original

"Quem Quer Ser um Milionário?", A.R. Rahman

Melhor canção
"Quem Quer Ser Um Milionário?", com "Jai Ho"

Melhor curta-metragem de animação

"La Maison de Petits Cubes", Kunio Kato

Melhor curta-metragem

"Spielzeugland", Jochen Alexander Freydank

Melhor edição de som
"Batman - O Cavaleiro das Trevas", Richard King

Melhor mixagem de som
"Quem Quer Ser um Milionário?"

Melhores efeitos visuais

"O Curioso Caso de Benjamim Button"




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