terça-feira, 28 de abril de 2009

Filmes Para Ver Antes de Morrer


Mais um daqueles "inéditos no blog". Este fazendo parte da série "Filmes para Ver Antes de Morrer". Mas é tão bom assim? É! Não é à toa que ficou entre os melhores filmes do século XXI de acordo com a eleição promovida pela "Monet". Resenha escrita quando do lançamento do filme no circuito nacional.

Miami Vice

O melhor filme de Michael Mann?


A maioria deve lembrar do seriado de TV “Miami Vice”, exibido aqui no Brasil pelo SBT, nos já distantes anos 80. A série tinha como protagonistas Sonny Crocket e Rico Tuggs, policiais do estado da Flórida, os reis do “kitsch”: ao mesmo tempo em que conseguiam ser “cool” também eram extremamente bregas. O que talvez muitos não saibam é que Michael Mann, diretor de filmes como “Fogo contra Fogo” e “Colateral”, foi também o produtor daquela série. E é ele mesmo que está levando para as telas de cinema, produzindo e dirigindo, o filme homônimo.

Mas, se o seriado televisivo padecia do aspecto “kitsch” o mesmo não pode se dizer do filme. Mann parece ter alcançado o auge de seu estilo seco, frio e direto. Claro, há espaço para sentimentos, mas nunca para sentimentalismos. Aliás, creio que Mann nem deve mais ser tratado como um diretor, mas como um autor cinematográfico. Dono de uma técnica já inconfundível, ele mostra como ninguém o submundo de nossa sociedade capitalista e hipócrita, evidenciando os limites a que chegam aqueles que decidem enfrentá-lo, seja por decisão (como no caso do personagem de Russel Crowe em “O Informante”) ou por profissão.

Nesta versão para o cinema, Sonny e Rico são interpretados pelas estrelas Collin Farrel e Jamie Foxx, respectivamente. Os dois se vêem envolvidos em uma trama internacional após a morte de um antigo informante, trama esta que envolve desde neonazistas a traficantes colombianos, com direito a passagens até mesmo por Foz do Iguaçu. Embora um tanto complexa, em nenhum momento nos sentimos cansados, pois tudo flui perfeitamente, com naturalidade, sem atropelos nem saltos no roteiro.

Vale dizer que o roteiro é primorosamente auxiliado pela impecável técnica de Mann. A fotografia, que alterna momentos mais e menos granulados, realizada através de técnica digital, é brilhante. A utilização das imagens, por meio de enquadramentos inteligentíssimos, é impactante (a cena em que um personagem é atropelado por um caminhão mostra a engenhosidade de Mann neste aspecto). Aliás, em vários momentos, nos sentimos como um dos personagens do filme, em especial na seqüência em que ocorre a invasão a uma casa em que é mantida uma refém. O silêncio é absurdo, ouvimos apenas os ruídos naturais da ação. É de prender a respiração! È bom lembrar ainda que cenas espetaculares não faltam: desde perseguições de automóvel a tomadas de aviões e lanchas em velocidade, tudo é filmado com um apuro impressionante.

Um dos poucos pontos fracos é atuação de Colin Farrell, cuja canastrice é habitual. Entretanto, não chega a ser um desastre e é compensado em muito por Jamie Foxx, que está ótimo, a síntese do “cool”, além de Gong Li, a excelente e bela atriz oriental que interpreta Isabella, uma perigosa e atraente integrante da rede criminosa.

Um outro ponto frágil é o desfecho, que traz algumas concessões ao público de Hollywood. Mas também está longe de ser desastroso e não chega a incomodar de verdade.

Ao fim da sessão, saí com a sensação de ter visto o melhor filme de Michael Mann. O cineasta parece ter atingido sua plena maturidade. Será? Só o tempo vai dizer, mas aconselho a todos (mesmo para aqueles que não gostam de filmes violentos) uma passada no cinema mais próximo para conferir. Alguns podem até não gostar, mas dificilmente sairão indiferentes ao filme e isso já é muito no atual cinema comercial americano.

Cotação: * * * * * (cinco estrelas)
Nota: 10,0

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