Antes de tudo, convém ressaltar um aspecto. Nós temos a mania de analisar as premiações que antecedem o Oscar como “termômetros” para este, como se tais prêmios não fossem independentes da Academia de Hollywood e não tivessem um valor próprio. Considero esta forma de pensar um erro. Cada prêmio tem seu próprio valor e merecimento. No caso do Globo de Ouro é o reconhecimento dos jornalistas estrangeiros que trabalham no meio cinematográfico, possuindo nuances e características próprias e que não necessariamente busca se configurar como uma “prévia” do Oscar. “Argo”, de Ben Affleck, levou o Globo na categoria de melhor filme em drama, o que não quer dizer que esta seja a tendência da Academia. Basta lembrar que, nos últimos 10 anos, em apenas 4 deles houve coincidência, na referida categoria, entre os vencedores do Globo e do Oscar. É possível que o Globo de Ouro influencie alguns votantes? Sim, mas isso está longe de ser determinante. Se eu votasse no Oscar não deixaria de votar em “As Aventuras de Pi” porque “Argo” levou o Globo de Ouro (muito embora este último também seja um ótimo filme).
Dito isto, vamos a alguns breves comentários:
- A Associação de Imprensa Estrangeira é mesmo fã de carteirinha de George Clooney, um dos produtores de “Argo”. Nunca perdem a oportunidade de premiá-lo (ano passado, foi como melhor ator);
- A dupla de apresentadoras, Tina Fey e Amy Poehler , soltou piadas pra lá de ácidas (uma delas dizendo que Kathryn Bigelow passou três anos de tortura quando estava casada com James Cameron), mas tinham muito mais empatia do que o insuportável Rick Gervais;
- O mais chato do Globo de Ouro é ter de acompanhar as premiações de TV. Um saco...;
- Um dos grandes momentos da noite foi a presença do ex-presidente Bill Clinton para promover “Licoln”. Uma bela jogada de marketing de Spielberg (Clinton é amigo dele) visando o Oscar, claro;
- Outro grande momento da noite, sem duvida, foi o prêmio Cecil B. De Mille para Jodie Foster. Ou melhor, o discurso dela, um dos mais francos, abertos e categóricos que já vi em premiações. Sem máscaras ou hipocrisias e, ao mesmo tempo, sem ferir ninguém. Só é estranho ela receber um prêmio pelo “conjunto da obra” com 50 anos...;
- Eu sempre fico feliz vendo Adele receber prêmios. É a vitória da verdadeira música em detrimento da exploração deslavada da imagem e sexualidade para vender. Ela é uma diva pop com espírito de rock ‘n roll;
· Convenhamos que é sempre sensacional ver o Tarantino sendo premiado;
- Mesmo levando em consideração o que foi dito acima (Globo de Ouro não é prévia do Oscar), Christoph Waltz saiu na frente na disputa pelo Oscar de melhor ator coadjuvante. Este ano a categoria está disputadíssima e será decidida nos detalhes;
- Daniel Day-Lewis está na mesma condição que Meryl Streep ano passado: imbatível!;
- “Amor” é, de fato, o filme estrangeiro do ano em qualquer premiação. A consagração definitiva de Michael Haneke;
- Jennifer Lawrence está mesmo destinada a ser uma das grandes estrelas do cinema. A premiação no Globo de Ouro só confirma o que todo mundo já desconfiava, mesmo com aquela piadinha sem graça sobre a Meryl Streep;
- Anne Hathaway também confirmou seu status de queridinha de Hollywood. Aliás, quem diria, “Os Miseráveis” saiu como grande vencedor da noite, com 3 globos, já que Hugh Jackman levou como melhor ator em comédia ou musical e o filme foi o melhor no mesmo gênero.
- Adorei o prêmio de trilha sonora para “As Aventuras de Pi”. Merecido!;
Bem, é isso! E o Oscar é dia 24 de fevereiro! Até lá, muitas águas vão rolar.
3 comentários:
Eu acho que no geral o Globo de Ouro agradou como nunca... nunca vi tantos comentários positivos a respeito, inclusive gostei bastante!
E o discurso da Jodie? Muito bacana. Acho que foi um dos mais bonitos...
Curti a vitória de quase todos e concordo contigo: também não vou muito com a parte televisiva da premiação. Talvez seja pelo fato d'eu ver poucas séries, hehe
belas considerações, fábio.
jodie foster e adele realmente mereceram.
sem falar na claire danes, que pra mim é uma grande atriz injustiçada pelo oscar (shopgirl, que saiu aqui como 'a garota da vitrine', merecia uma indicação na época).
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