quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Os 30 melhores da década - A lista do Cinema com Pimenta


Bem, a luta foi grande. Minha intenção era conceber uma lista com 10 títulos. Depois aumentei pra vinte. No fim da contas, para não me sentir cometendo injustiças, acabei aumentando para 30 filmes. Essa é a minha lista com os melhores da década que termina (passou rápido, não?). Agora, podem atirar as pedras. Afinal, listas servem para isso mesmo. Abraços e um feliz 2010 para todos, cheio de realizações!


1) Cidade de Deus, de Fernando Meirelles (Brasil, 2002);

2) O Senhor dos Anéis – Trilogia, de Peter Jackson (EUA, 2001, 2002 e 2003);

3) O Pianista, de Romam Polanski (França/Alemanha/Reino Unido/Polônia, 2002);

4) Kill Bill Vols. 1 e 2, de Quentin Tarantino (EUA, 2003 e 2004);

5) Encontros e Desencontros, de Sofia Copolla (EUA, 2003);

6) Menina de Ouro, de Clint Eastwood (EUA, 2004);

7) O Labirinto do Fauno, de Guillermo Del Toro (Espanha/México, 2006);

8) A Viagem de Chihiro, de Hayo Miyazaki (Japão, 2001)

9) A Vida dos Outros, de Florian Henckel von Donnersmarck (Alemanha, 2006);

10) Amor à Flor da Pele, de Wong Kar-Wai (Hong-Kong, 2000);

11) Adeus, Lênin!, de Wolfgang Becker (Alemanha, 2003);

12) Ônibus 174, de José Padilha (Brasil, 2002);

13) O Escafandro e a Borboleta, de Julian Schnabel (França/EUA, 2007);

14) Os Infiltrados, de Martin Scorsese (EUA, 2006);

15) Wall-E, de Andrew Stanton (EUA, 2008);

16) Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, de Michel Gondry (EUA, 2004);

17) O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, de Jean-Pierre Jeunet (França, 2001);

18) Cassino Royale, de Martin Campbell (EUA/Reino Unido/Alemanha/Rep. Checa, 2006);

19) Apenas Uma Vez, de John Carney (Irlanda, 2006);

20) Pequena Miss Sunshine, de Jonathan Dayton e Valerie Faris (EUA, 2006).

21) Vicky Cristina Barcelona, de Woody Allen (Espanha/EUA, 2008);

22) Na Natureza Selvagem, de Sean Penn (EUA, 2007);

23) A Queda – As Últimas Horas de Hitler, de Oliver Hirschbiegel (Alemanha/Itália/Áustria, 2004);

24) Piaf – Um Hino Ao Amor, de Olivier Dahan (França/Inglaterra/República Checa, 2007);

25) Batman – O Cavaleiro das Trevas, de Christopher Nolan (EUA, 2008);

26) Juno, de Jason Reitman (EUA, 2007);

27) Homem-Aranha 2, de Sam Raimi (EUA, 2004);

28) Gladiador, de Ridley Scott (EUA, 2000);

29) O Tigre e o Dragão, de Ang Lee (China/Hong-Kong/EUA/Taiwan, 2000);

30) Inimigos Públicos, de Michael Mann (EUA, 2009).

domingo, 27 de dezembro de 2009

Sempre ao Seu Lado



Bela história lacrimejante

Você quer assistir a um filme pra chorar em bicas? Pois então vá ao cinema conferir este “Sempre ao Seu Lado”. O filme é uma adaptação nos moldes americanos para uma emocionante história real japonesa, a do cão Hachiko. O canino da raça Akita acompanhava o seu dono, um professor, todos os dias à estação de trem de Shibuya, além de esperá-lo todos os dias no horário em que voltava. Depois da morte do professor, contudo, Hachiko continuou a realizar os mesmos hábitos diariamente, esperando o dono que nunca retornou. Tal fato começou a ganhar repercussão na imprensa e após a morte de Hachiko este tornou-se estátua na referida cidade, além de despertar uma verdadeira mania de criação de akitas no Japão, uma vez que a história se tornou uma verdadeira lenda no país. Só com esta breve sinopse, já dá pra imaginar que será difícil você conter as lágrimas durante a projeção.

Nesta versão hollywoodiana, o professor universitário é interpretado por Richard Gere, o qual encontra o pequeno Hachi na estação de trem da cidade. Em princípio, ele reluta em adotar o cãozinho, principalmente devido à resistência de sua esposa (Joan Allen), um tanto avessa à ideia de um cão em casa. Contudo, como diz o amigo de Parker Wilson, o japonês Ken (em um filme americano sempre há um japonês para explicar a cultura oriental), não foi ele que escolheu Hachi, mas Hachi que escolheu Parker para ser seu dono. Ele tem uma vida tranqüila e feliz até o infarto que o vitima quando dava uma aula na faculdade. Esta tranquilidade da vida de Parker poderia tornar “Sempre ao Seu Lado” uma banalidade, não fosse a direção segura e suave que caracterizam a obra de Lasse Hallström, cineasta sueco responsável por outras obras com o mesmo teor, podendo-se citar aqui como um exemplo próximo em sua filmografia o longa “Minha Vida de Cachorro” (filme que o projetou para o mercado internacional). É ele o responsável pelo longa não ganhar ares de “sessão da tarde”. Apesar da vida feliz de Parker, há uma certa tristeza presente em toda a narrativa, o que já prenuncia e faz o espectador, mesmo que desconheça a história de Hachiko, perceber que algo de ruim irá acontecer.

Hallström também utiliza recursos elegantes e mesmo inusitados para desenvolver a narrativa. A utilização da visão do cão em alguns momentos, com a paleta em cores muito reduzidas, quase em p&b (tal como os cientistas afirmam ser a visão dos cachorros), é interessante e não me lembro de ter visto essa ideia em algum outro filme sobre caninos. Da mesma forma, o uso de uma árvore para demonstrar a passagem do tempo é algo inteligente e clássico. O diretor parece saber, ademais, que não é necessário super-valorizar a trama com toques excessivamente melodramáticos. Ela já possui os ingredientes necessários para fazer o público chorar. Desta forma, temos uma trilha sonora adequada, com um certo tom de melancolia, mas que não procura guiar os sentimentos do espectador.

“Sempre ao Seu Lado” é um filme pequeno, sem grandes ambições, a não ser a de emocionar o espectador e este objetivo é plenamente alcançado sem que seja necessário um espetáculo melodramático. Talvez porque a obra fale de um amor incondicional, apego este incapaz de ser reproduzido por qualquer ser humano. Aqueles que possuem cães, obviamente, irão se emocionar em dobro. Durante a sessão, uma das espectadoras chorava aos soluços, provavelmente lembrando de algum cãozinho de estimação. Se está preparado para enxugar os olhos, o programa certo para você é, decididamente, “Sempre ao Seu Lado” (por sinal, o título em português é bem melhor que o original “Hachiko: a Dog’s Story”).

Cotação: * * * ½ (três estrelas e meia)
Nota: 8,0

sábado, 26 de dezembro de 2009

Fiasco em Show de Padre Fábio no Machadão


Pausa no cinema para uma crítica construtiva.

O Padre Fábio de Melo realizou um show lamentável, ontem, em Natal. Tinha tudo para ser uma apresentação histórica, tendo em vista que sua realização estava agendada justo para o dia do Natal, que coincide com o aniversário da cidade, além de comemorar os 100 anos da diocese local. Contudo, o que se viu foi um show de desorganização e segregação explícita promovida pelos responsáveis pelo evento. Só tinham acesso ao gramado alguns poucos privilegiados portadores de uma pulseira verde, obviamente ideia da equipe da prefeita Micarla de Souza, a qual deve ter promovido a distribuição de tais pulseiras entre seus parentes e apadrinhados. O povão ficou restrito às arquibancadas. Pra completar, o palco foi armado não ao centro do campo, como seria natural e como vinha se fazendo em shows realizados no Machadão. A estrutura foi erguida do lado oposto ao da arquibancada a qual o público tinha acesso. Resultado: o padre era visto como um ponto distante da multidão (a qual se resumiu a pouco mais de 10.000 pessoas, aquém do esperado), sendo sua figura bem visualizada apenas através dos telões. Pra completar, o principal elemento em um show, o som, também não estava a contento, não sendo possível ouvir com clareza as suas reflexões e mensagens. Um fiasco que levou muitos dos presentes a deixarem o estádio antes do fim da apresentação. Na saída, o que mais se ouvia eram comentários como “se é de ver assim, melhor ficar em casa e assistir pela TV”. Como cereja do bolo, houve tumulto após o término do show, já que apenas um dos portões estava aberto, sendo necessário a polícia militar agir para evitar problemas maiores, abrindo um outro portão.

Admiro o Padre Fábio pela sua oratória e estímulo a uma fé aliada à reflexão, diferente de muitos religiosos que estimulam uma fé ingênua. Suas músicas também costumam ser inspiradas e dentro desta linha reflexiva. No entanto, mesmo que, obviamente, ele não seja o responsável pela organização dos eventos, deveria ter cuidado de alertar os responsáveis para não promover autênticas segregações e distanciamentos das massas, em detrimento do conforto deferido a uma casta de privilegiados. Afinal, como sabe o padre mais do que ninguém, todos somos iguais perante os olhos de Deus e, ainda, como diz uma de suas canções: “todo homem é bom”. E é com respeito que merece ser tratado.

Em tempo: e foram R$ 221 mil gastos do dinheiro público para promover este festival de elitismo. Realmente, lamentável...

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Um Feliz Natal!


É, mais um ano se passou rapidamente. Quando me dei conta, já estava no fim do mês de dezembro, o qual sempre passa voando, naquele clima de festa inerente às maiores festividades do mundo ocidental. Como sempre, o número de posts cai bastante, afinal, tal como todos, sou envoldido por aquela correria característica destes dias. Mas não poderia deixar de desejar, neste espaço, um feliz Natal para todos. Pretendia escrever alguma resenha sobre um filme de teor natalino, tal como fiz ano passado com "A Felicidade Não Se Compra". Mas, nao deu. De qualquer forma, o que mais importa é que todos estejam imbuídos pelos espíritos de amor e solidariedade que foram a razão de ser do Homem cujo nascimento se comemora nesta data. Um abraço a todos! Deus está com vocês, dentro dos seus corações! E continuem acompanhando o blog! Até a próxima!

domingo, 20 de dezembro de 2009

Avatar


Será mesmo uma revolução?

Decididamente, este é um dos filmes mais aguardados de todos o tempos. Há aproximadamente dez anos, James Cameron, um dos cineastas mais bem sucedidos da história, o homem responsável pelo sucesso gigantesco e avassalador de “Titanic”, começou a levar a efeito a concepção de um longa-metragem que há muito tempo habitava sua mente. Segundo o próprio Cameron, desde sua infância, quando lia gibis de ação, super-heróis e ficção científica. O longo caminho percorrido deve-se a um fator de fácil compreensão, mas fundamental: Cameron teve que desenvolver a tecnologia necessária para rodar o seu projeto. O mundo que imaginara jamais seria crível e impactante com a tecnologia de 10 anos atrás. Assim, Cameron terminou por incorrer em um hiato enorme nas salas de cinema, com muita gente acreditando que isso se devia ao fato do diretor ter medo de encarar um novo lançamento após aquele fenômeno que foi o mencionado “Titanic”.

Mas esse termo, “medo”, não é algo que combina com James Cameron. Ele sempre foi ousado o suficiente para desafiar os estúdios, estourando seus orçamentos, mas sempre trazendo retornos espetaculares. Talvez seja por isso que ele não tenha tido muita dificuldade em encontrar quem bancasse este seu novo devaneio, o qual, segundo números divulgados recentemente, beiram a cifra de US$ 500 milhões (isso mesmo!). Não fosse conhecido o potencial brilhante deste cineasta, iríamos pensar que tudo isso iria resultar em um enorme constrangimento, um fracasso de proporções tão grandes quanto seu custo. Mas todos sabíamos do que Cameron é capaz. E este fato só ajudava a aumentar a expectativa. Segundo enormemente divulgado, uma revolução estava por vir nas telas cinema.

E eis que agora temos o resultado. E ele atende a tanta expectativa? Para responder a esta pergunta, faz-se necessário entender a concepção que o diretor tem de cinema e, também, aquela que você próprio, leitor(a), tem sobre a 7ª arte. Diretores como Cameron partem do pressuposto de que o cinema, antes de tudo, é a arte da imagem. Para este cineastas, a trama deve ser narrada, antes de tudo, pela forma imagética. Diálogos são necessários? Sim. Mas, antes de tudo, é necessário mostrar o que acontece. Não se deve confundir cinema com teatro. Eu mesmo me coaduno com esta forma de pensar, muito embora reconheça que existem ótimos filmes bastante verborrágicos (adoro Woody Allen e nos seus filmes o que não falta são diálogos enormes). Vale dizer que Cameron não está sozinho na sua concepção. Gênios absolutos como Alfred Hitchcock e Charles Chaplin (que durante muito tempo relutou em deixar o cinema mudo) também faziam da imagem a sua grande arte. E este é o ponto que fará você saber que o longa atende ou não ao que esperava.

Confesso que, pelo menos a mim, atendeu apenas em parte. De fato, o filme leva a arte gráfica do cinema para outros patamares e a grande ambição de vários outros realizadores de agora em diante será atingir esse nível de excelência. Tudo para narrar uma trama em que o planeta Pandora, dotado de uma natureza exuberante, tem seu equilíbrio ameaçado pela chegada dos humanos, os quais já esgotaram tudo que a Terra tinha a oferecer e descobriram no planeta um mineral capaz de produzir uma enorme energia, o unobtnanium (um único quilo deste minério pode custar 20 milhões de dólares). Contudo, os humanos terão de enfrentar a resistência dos Na’Vi, humanóides locais azuis com cerca de três metros de altura. Um povo que vive em perfeita integração com a natureza, a quem denominam de “Eywa”, inclusive possuindo formas físicas de se conectarem a outros seres vivos (tentáculos existentes em suas longas tranças). Os cientistas, liderados pela Dra. Grace (Sigourney Weaver, voltando a trabalhar com Cameron depois de “Aliens”), que estudam a natureza de Pandora, buscam também entender a cultura dos Na’Vi, buscando evitar que a violência e a brutalidade sejam usadas para avançar na exploração do minério. Para tanto, eles desenvolveram os avatares, reproduções dos corpos dos Na’Vi que misturam DNA alienígena e humano e podem ser controlados pelo cérebro (numa forma de integração que lembra bastante as experiências virtuais de “Matrix”). Entre os integrantes do grupo de mercenários contratados pelas empresas exploradoras está Jake Sully (Sam Worthington, competente), um ex-fuzileiro naval, agora paraplégico, que vê uma nova oportunidade nesse projeto dos avatares. Na pele de um avatar, ele conhece e se apaixona por Neyriti (Zöe Saldana), uma guerreira Na’Vi, passando a entrar em contato com a cultura e forma de enxergar a vida desse povo.

Com se vê, a trama não tem nada de muito original. Trata-se de uma mistura de “Dança com Lobos”, "Pocahontas" e “Matrix” ambientada em um planeta distante. Mas esse não é o principal problema. Afinal, críticas ao imperialismo e arrogância das grandes potências são sempre bem-vindas. Ademais, o filme possui um óbvio contexto ecológico que, nesses tempos de total fracasso de conferências sobre o clima, como esta de Copenhague, torna-se bastante pertinente. Entretanto, ele se faz tão repleto de clichês que acaba tudo resultando numa previsibilidade que redunda numa perda de força do conjunto. Em vários momentos da projeção, já imaginamos como será o seu final e a confirmação do que imaginamos antecipadamente é decepcionante, principalmente ao percebermos que em alguns momentos Cameron tem a oportunidade de fugir desses esquematismos, mas não o faz. Claro que se pode realizar uma trama com clichês e ainda assim render um filme excelente. O próprio Cameron deu provas disso com o seu “Titanic”. Contudo, o filme do naufrágio mais famoso de todos os tempos contava com dois grandes atores como protagonistas e isso já faz uma sensível diferença em um texto limitado. É importante mencionar ainda que “Titanic”possuía uma tragédia inevitável que só aumentava a angústia da plateia com relação ao destino dos protagonistas. Aqui, por mais que a tecnologia tenha conferido aos Na’Vi proporções de realidade nunca dantes vistas, mesmo que você veja numa sala 3D (que foi o meu caso, sendo a minha primeira oportunidade com essa tecnologia), ainda assim temos a sensação de estar observando algo que não é real. E a verdade é que isso pode causar um certo distanciamento e falta de identificação com os personagens.

Mas há elementos que realmente impressionam. Se os personagens ainda precisam evoluir mais para fazer o espectador esquecer que eles não são reais, a natureza criada por Cameron em parceria com a Weta de Peter Jackson é algo de arrepiar. Eles conseguiram simplesmente conceber todo um belíssimo ecossistema e muitas vezes é possível acreditar que estamos vendo árvores e insetos de verdade. Um deslumbre tecnológico que possivelmente, quando se tornar mais acessível financeiramente, será utilizado para substituir externas e viagens desgastantes para locações complicadas em florestas reais. Mostra-se que, realmente, tudo é possível de se fazer através da sétima arte. E a demonstração de que não há limites para o cinema é o grande feito de Cameron neste longa. Ele demonstra, ademais, que o cinema vai conseguir se recuperar do baque provocado pela pirataria e downloads ilegais ao conceber filmes que só podem ser apreciados em sua inteireza dentro de uma sala de projeção.

Por outro lado, Cameron volta a dar demonstrações de que é, possivelmente, o melhor diretor de cenas de ação em atividade no cinema. E ver longas sequências repletas de elementos, mas em que ao mesmo tempo conseguimos vislumbrar tudo o que acontece na tela, é um alívio diante dos lixos visuais de um Michael Bay.

Assim, num balanço entre deslumbre técnico e problemas de roteiro, posso afirmar que vejo em “Avatar” um ótimo filme, mas ainda aquém de todas as expectativas que foram criadas em torno dele. Todavia, imagino que Cameron poderá superá-lo em uma próxima investida, levando os espectadores a, além de se deslumbrarem com as imagens, se emocionarem com a narrativa mostrada, tal como aconteceu em “Titanic”. Só espero que ele não leve mais 10 anos para fazer isso. E se o filme é ou não é uma revolução, creio que só o tempo poderá afirmar.

Cotação: * * * * (quatro estrelas)
Nota: 9,0

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Herbert de Perto


Vida e Apredizado

Se você viveu os anos 80 deve guardar com muito carinho as memórias da três bandas mais representativas do período em que ocorreu a grande explosão do rock nacional. Eram elas a Legião Urbana, os Titãs e os Paralamas do Sucesso. A primeira era a banda que aglutinava multidões em torno da aura messiânica de Renato Russo, o grande porta-voz da geração 80, aquele que soube traduzir melhor em canções as esperanças, angústias e frustrações dos jovens do seu tempo (e talvez de qualquer tempo). Já os Titãs desenvolveram um rock mais pesado e de grande contestação social, atuando como uma espécie de metralhadora giratória (a polícia, as religiões, a televisão: tudo foi alvo da língua ferina de seus integrantes). E os Paralamas formavam a banda com o tom mais leve que, embora não abandonasse a crítica social, explorava o lado mais leve e romântico da juventude e, principalmente, constituía o grupo com maior virtuosismo musical. Os três integrantes estão entre os melhores do Brasil em seus respectivos instrumentos. Contando com esse talento, os Paralamas souberam fazer uma ótima fusão entre rock, música brasileira e jamaicana, sob influência de grupos como o Clash, precursor deste tipo de trabalho com seu álbum “London Calling” (e, diga-se de passagem, pelo menos aos meus ouvidos, os Paralamas sempre soaram melhores que o Clash). E é na figura mais conhecida dos Paralamas do Sucesso, Herbert Vianna, que é centrado este documentário dirigido e roteirizado por Pedro Bronz e Roberto Berliner.

A primeira boa ideia deste longa-metragem é contrapor momentos de passado e presente do famoso cantor e compositor. Uma das primeiras imagens, em que Herbert, ainda nos seus vinte e poucos anos, dá declarações presunçosas e imaturas é logo confrontada com outra, em que o Herbert maduro assiste a tal entrevista e logo exclama: “que é que esse cara tá falando?”. São baseados nessa contraposição que os diretores vão construindo o caleidoscópio que nos possibilita entender a história e a pessoa de um dos músicos mais importantes dos anos 80. Passamos pela sua infância, em que o pequeno Herbert já mostrava um talento diferenciado para tocar violão. Em seguida, vemos o mesmo, já na cadeira de rodas pós-acidente, tocando no seu primeiro violão, o qual guarda com carinho até hoje. É assim que sua vida é mostrada.

Passamos também pelos depoimentos dos parentes e amigos (obviamente com muitas falas de seus parceiros Bi Ribeiro e João Barone) sobre o compositor, recurso sempre necessário a um documentário sobre um personagem específico. E vamos descobrindo que os Paralamas, ao contrário do que muita gente pensa, não foi uma banda formada em Brasília, mas no Rio de Janeiro. Também vamos vislumbrando os elementos que compunham o cenário musical da época: a explosão da Blitz, que possibilitou e estimulou as gravadoras a investirem no pop-rock brasileiro; a importância de espaços como o Circo Voador, no Rio de Janeiro, verdadeiro objetivo de qualquer banda iniciante (“meu sonho era tocar no Circo Voador”, diz Herbert em certa passagem); e a grande explosão no Rock In Rio, show que acabou levando a banda a excursões em que chegava a realizar dois shows na mesma noite. Os aspectos mais pessoais também foram merecedores de fortes tintas, mostrando seu envolvimento e casamento com Lucy Needham, mãe de seus filhos e falecida no acidente com o aeroplano pilotado pelo próprio Vianna. Neste momento, vale dizer, os realizadores pegam uma veia emocional que deve sensibilizar a todos, sejam ou não fãs. O depoimento de Dado Villa-Lobos sobre as circunstâncias do acidente é mesmo consternador.

Contudo, numa visão mais atenta, percebe-se que o longa não é apenas sobre o líder de uma banda de rock ou sobre um momento musical de determinada época. Há muito no documentário sobre o amadurecimento do personagem, mostrando que o mesmo soube aprender com os tropeços da vida. O que, por extensão, mostra o quanto o ser humano pode evoluir e se adaptar às mais diversas possibilidades e dificuldades. Em determinado momento, um dos depoentes menciona que quase todas as músicas de Herbert tratam de seu amadurecimento, do constante evoluir, das novas perspectivas que vida traz a cada momento. Há verdade nisso, assim como há muita verdade neste “Herbert de Perto” (embora possa-se acusá-lo de ser “chapa branca” até certo ponto), película obrigatória não apenas para os fãs da banda ou do rock oitentista, mas para todos aqueles que desejem acompanhar uma bela trajetória de vida.


Cotação: * * * * (quatro estrelas)
Nota: 9,0

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Globo de Ouro 2010 - Indicados


Saiu hoje a lista do indicados ao Globo de Ouro 2010, sua 67ª edição. Seguindo a tendência já mostrada pela Associação de Críticos de Nova York, o filme que recebeu o maior número de indicações foi "Amor Sem Escalas", protagonizado por George Clooney e dirigido por Jason Reitman (de "Juno"), sendo 6 ao todo. Outros Que tiveram boas indicações foram "Invictus", o novo de Clint Eastwood (incluindo melhor diretor e melhor ator dramático e ator coadjuvante: Morgan Freeman e Matt Damon) e "Bastardos Inglórios" (lembrado em ator coadjuvante, filme-drama e diretor), além de "Nine", o tal remake musical de "8 1/2" (calafrios...), com 5 indicações (incluindo atriz coadjuvante para Penélope Cruz). Confiram a lista abaixo. Estou com preguiça de comentar, pois ando muito cansado e sem tempo. E não me encham o saco perguntando sobre as indicações para TV, pelamordeDeus... Ah, a entrega do prêmio acontece em 17 de janeiro.



Melhor atriz coadjuvante

* Mo-Nique, por Preciosa
* Julianne Moore, por A Single Man
* Anna Kendrick, por Amor sem Escalas
* Vera Farmiga, por Amor sem Escalas
* Penelope Cruz, por Nine

Melhor ator coadjuvante

* Matt Damon, por Invictus
* Stanley Tucci, por Uma Olhar do Paraíso
* Christopher Plummer, por The Last Station
* Christopher Waltz, por Bastardos Inglórios
* Woody Harrelson, por The Messenger

Melhor filme animado

* Coraline e o Mundo Secreto
* O Fantástico Sr. Raposo
* Tá Chovendo Hambúrguer
* A Princesa e o Sapo
* Up - Altas Aventuras
Melhor filme estrangeiro
* Baaria
* Abraços Partidos
* The Prophet
* The White Ribbon
* The Maid

Melhor canção original

* "I Will See You" (Avatar)
* "The Weary Kind" (The Crazy Heart)
* "Winter" (Entre Irmãos)
* "Cinema Italiano" (Nine)
* "I Want to Come Home" (Simplesmente Complicado)

Melhor trilha sonora

* Michael Giacchino, por Up - Altas Aventuras
* Marvin Hamlisch, por O Desinformante!
* James Horner, por Avatar
* Abel Krozeniowski, por A Single Man
* Karen O. e Carter Burwell, por Onde Vivem os Monstros
Melhor ator em comédia ou musical

* Matt Damon, por O Desinformante!
* Daniel Day Lewis, por Nine
* Robert Downey Jr., por Sherlock Holmes
* Joseph Gordon Levitt, por 500 Dias com Ela
* Michael Stuhlbar, por A Serious Man

Melhor atriz em comédia ou musical

* Sandra Bullock, por A Proposta
* Marion Cotillard, por Nine
* Julia Roberts, por Duplicidade
* Meryl Streep, por Simplesmente Complicado
* Meryl Streep, por Julie e Julia
Melhor ator em drama

* Jeff Bridges, por A Crazy Heart
* George Clooney, por Amor sem Escalas
* Colin Firth, por A Single Man
* Morgan Freeman, por Invictus
* Tobey Maguire, por Entre Irmãos
Melhor atriz em drama

* Emily Blunt, por The Young Victoria
* Sandra Bullock, por The Blind Side
* Helen Mirren, por The Last Station
* Carey Mulligan, por Educação
* Gabire Sadibe, por Preciosa
Melhor comédia ou musical

* 500 Dias Com Ela
* Se Beber, Não Case
* Simplesmente Compicado
* Julie e Julia
* Nine

Melhor filme dramático

* Avatar
* Guerra ao Terror
* Bastardos Inglórios
* Preciosa
* Amor sem Escalas

Melhor diretor

* Kathryn Bigelow, por Guerra ao Terror
* James Cameron, por Avatar
* Clint Eastwood, por Invictus
* Jason Reitman, por Amor Sem Escalas
* Quentin Tarantino, Bastardos Inglórios

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A Princesa e o Sapo

Reciclagem Divertida


Quando os estúdios Pixar lançaram, em 1995, a animação “Toy Story”, uma polêmica começou a tomar conta das rodas de discussão voltadas para a arte e o entretenimento. Os mais puristas torciam o nariz para a nova forma de confeccionar animações trazidas pelos estúdios de John Lasseter. Nela, o emprego da tecnologia digital era completo, sendo todo o processo de elaboração realizado por computadores, e não apenas algumas etapas de finalização, como acontecia com as animações da Disney. Alegavam os puristas que isso diminuía o valor artístico da obra, já que a elaboração artesanal da mesma, por si só, já agregaria um valor que não estaria presente nos desenhos criados por meio de pixels. Os adeptos da nova tecnologia argumentavam com as novas e quase infinitas possibilidades que se vislumbravam, principalmente com o maior realismo que cada cena poderia ter, além de efeitos especiais nunca dantes vistos.

Com o passar do tempo, a discussão mostrou-se estéril. Se a companhia de Lasseter conseguia cada vez mais aumentar suas bilheterias e o respaldo da crítica com tramas divertidas e inteligentes, além de cativar o público com a emoção, o japonês Hayo Miyasaki continuava deslumbrando o mundo com suas obras de arte geradas no modelo artesanal de animação (um exemplo já clássico é “A Viagem de Chihiro”). O que estava ficando claro é que a Disney estava passando por uma crise criativa, incapaz de produzir longas que acertassem no humor característico das novas gerações ou atingissem aquele status de arte tão característico dos filmes de Miyasaki. Com os sucessivos tombos, a Casa do Mickey adotou o procedimento mais típico do capitalismo moderno: se não pode vencer o inimigo, compre-o. E assim, colocou a Pixar como mais uma subsidiária do seu enorme conglomerado, assumindo John Lasseter a função de diretor criativo não apenas do estúdio que criou, mas de toda a divisão de animações da Disney.

E Lasseter mostra, com este a “A Princesa e o Sapo” (em que atua como produtor executivo), que, realmente, o mais importante não é a forma, mas o conteúdo da obra levada às telas. Trata-se da primeira produção da Disney em anos no formato artesanal e, ademais, retoma ainda um dos seus temas mais gratos: o conto de fadas envolvendo príncipe e princesa. Todos conhecemos as mais clássicas animações do estúdio que, aproveitando contos já famosos, passaram a fazer, de forma irremediável, parte do inconsciente coletivo. Afinal, qual a menina que nunca se encantou com a estória de “Cinderela” ou de “A Branca de Neve”? Mesmo nos tempos modernos, com a toda revolução feminina, estes mitos continuam poderosíssimos, mesmo que muitas mulheres não percebam e até neguem isso. Contudo, o que torna “A Princesa e o Sapo” uma animação a ser vista é atualização empreendida por seus mentores a este mito do príncipe-princesa-que-vivem-felizes-para-sempre.

Antes de mais nada, Tiana, a tal princesa do título, não faz o padrão de garota que tem como grande objetivo na vida encontrar o “príncipe encantado”. Seu grande objetivo é realizar o sonho de seu pai e abrir um restaurante de fina gastronomia. Para tanto, trabalha arduamente, de sol a sol, nunca saindo com os amigos para se divertir, nem muito menos namorar. Por seu turno, Naveen, o príncipe que foi transformado em sapo, encontra-se também um pouco distante dos príncipes das antigas lendas, sempre virtuosos e destemidos. Ele faz o estilo playboy, que nunca trabalhou para sobreviver, preocupado apenas com festas e namoradas. Entretanto, seu pai lhe corta a mesada e, para não ser forçado a trabalhar, ele tem de encontrar uma rica solteira para se casar. Outro fator de inovação é a ambientação. Saem os castelos e vielas medievais de outras eras e entram as ruas de Nova Orleans, a boêmia cidade americana onde surgiu o jazz, a única onde se comemora o carnaval (muito embora de uma forma um tanto distinta da brasileira). A própria cultura da cidade serve de mote para o desenrolar da trama, uma vez que é um feiticeiro vodu o responsável por transformar Naveen em um sapo, feitiço que só poderá ser quebrado se ele for beijado por uma princesa. Tiana acaba beijando o príncipe anfíbio, só que, como não é princesa, ela acaba também se transformando em um anfíbio. É a partir disso que os dois vão, juntos, tentar desfazer o encantamento.

Os diretores John Musker e Ron Clements tiveram, a partir de então, a sacada de utilizar o velho artifício das comédias românticas, o casal que se detesta e depois acaba se amando, para desenvolver a trama (que teve roteiro dos próprios diretores juntamente com Rob Edwards). E isso, dentro de um contexto de conto de fadas, soa inusitado e não apenas repetitivo, como no acima mencionado gênero. O uso de coadjuvantes saídos da cultura e ambiente de Nova Orleans, como o crocodilo trompetista Louis (numa clara homenagem a Louis Armstrong), também é uma boa ideia, ajudando no clima leve e divertido do longa. A utilização de uma trilha sonora de tom bastante jazzístico é uma ótima sacada, distanciando esta animação do clima choroso e meloso das trilhas sonoras de filmes anteriores da Disney.

O resultado final aparece como uma renovação para uma ideia já batida e, principalmente, mostra que o essencial não está na forma, mas na essência do que é mostrado. Não foram as animações de estilo clássico e artesanal que se tornaram ultrapassadas, mas a ideias da Disney que estavam distantes de um novo público. Aqui, tal como acontece nos longas característicos da Pixar, não apenas os pequenos, mas também os mais velhos poderão ser fisgados. E o conto de fadas de princesas e príncipes mostra-se perfeitamente reciclado e divertido. Não há história que ainda não tenha sido contada. O que existe são formas batidas de se contar essas histórias. Felizmente, aqui os estúdios Disney não voltaram a incorrer neste erro.


Cotação: * * * ½ (três estrelas e meia)
Nota: 8,5

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Floriano Bezerra de Araújo - Uma vida de lutas agora em livro


Pausa no cinema.

Nesta quarta-feira, dia 09 de dezembro de 2009, Floriano Bezerra de Araújo, a quem posso orgulhosamente chamar de avô, lançará o seu livro de memórias "Minhas Tamataranas: Linhas Amarelas", na livraria Siciliano do Midway Mall, às 19h! Todos estão desde já convidados.

Não é por ser meu avô, mas Floriano é o ser humano mais íntegro que conheço! Um homem dotado de um espírito altruísta, sempre consequente nos seus atos e pensamentos. Parafraseando a nossa atual ministra da casa civil, um homem que mentiu sob tortura. E só os verdadeiros e dignos seres humanos são capazes disso. Um homem que sempre caminhou em uma estrada reta, sem dúvidas de que o caminho a seguir era sempre o da honestidade, solidariedade e altruísmo!

Saiba, Floriano, que o senhor atingiu aquela que deveria ser a maior ambição de qualquer ser humano: tornar-se um exemplo. Saiba que o maior desejo desse seu neto é seguir estes caminhos de retidão e caráter que foram o norte de sua vida. E saiba que a realização deste seu sonho é a realização de toda a nossa família!

Um grande abraço!

Ah, imagino que Dona Quinquinha está sorrindo em algum lugar neste momento... ;=)

domingo, 6 de dezembro de 2009

Atividade Paranormal

Mais um do cine-youtube

Na minha resenha sobre “Distrito 9”, mencionei que esta produção de ficção-científica tinha seu estilo inspirado em algumas obras recentes do gênero terror, as quais usavam um fórmula similar a um documentário para envolver o espectador e trazer novos ares para o susto. O precursor desta tendência foi “A Bruxa de Blair”, tendo continuidade em filmes como “[Rec]” e, agora, este “Atividade Paranormal”. O que se pode constatar, contudo, é que a fórmula já está se tornando desgastada e cada vez mais não me agrada.

Não agrada porque acredito ser essencial a um filme de horror todo aquele clima macabro que nos é dado não apenas por efeitos especiais competentes, mas também por uma direção segura que sabe utilizar os vários outros elementos da arte cinematográfica em prol deste intento. A trilha sonora, por sinal, é um destes elementos fundamentais e que se torna ausente nestes filmes “vídeo-verdade”. Alguns podem afirmar que isso é questão de gosto. Talvez seja, mas garanto que quem assim pensa não deve ter visto “O Iluminado”, o clássico de Stanley Kubrick que possivelmente é o filme mais assustador de todos os tempos.

Outro aspecto verdadeiro é que os filmes vídeo-verdade se escoram muito em campanhas massivas de marketing para se tornarem grandes bilheterias e “Atividade Paranormal” se tornou o grande exemplo disso. Dirigido e roterizado pelo amador Oren Peli, que se baseou em experiências próprias ao se mudar para uma casa em que eventos estranhos aconteciam, o longa custou a quantia ínfima de 15 mil dólares e já arrecadou cerca de 120 milhões de verdinhas apenas nos Estados Unidos, tornando-se provavelmente o filme mais lucrativo da história. Mas, provavelmente, isso nunca teria acontecido não fosse a participação de um padrinho muito forte na jogada. O longa vinha sendo exibido dentro do circuito alternativo, em festivais de cinema independente ou voltados especificamente ao gênero, quando caiu nas mãos de ninguém menos que Steven Spielberg. Obviamente, Spielberg percebeu todo o potencial pop do que tinha em mãos e logo se encarregou de promover uma ampla distribuição no circuito comercial. De antemão, encarregou-se de proferir comentários que deixariam qualquer um curioso, pois afirmou que tinha começado a ver o filme à noite em casa, teve muito medo e só concluiu na manhã seguinte. Também se encarregou de dar seus pitacos ao sugerir que o final fosse alterado e que a ordem de algumas seqüências fosse trocada (o que, por sinal, já deixa entrever que o orçamento da versão final que está nos cinemas deve ser bem maior que os tais 15 mil dólares). E o estúdio Paramount realizou um muito bem bolado trailer que se tornou sucesso no mundo virtual.

Entretanto, mesmo o melhor marketing não é capaz de produzir medo ou grandes sustos. A narrativa dos malassombros vividos por Katie e Micah (vividos pelos atores homônimos Katie Featherston e Micah Sloat, amigos do diretor, sendo ela especialmente boa atriz) assusta em alguns momentos, é verdade. Contudo, possui uma primeira metade bastante aborrecida, onde sobram conversas e faltam assombrações. A espera do público para que aconteça algo de realmente relevante é longa e isso complica o envolvimento do espectador. Ademais, algumas das ideias usadas no longa são tão claramente retiradas de outras produções que nos faz sempre ficar com a sensação de “dejá vu”. A encenação totalmente baseada na perspectiva da câmera usada por um dos protagonistas é o fio condutor do mencionado “[Rec]” (posteriormente refilmado em Hollywood com o título de “Quarentena”), só que este último tinha a justificativa plausível de toda narrativa mostrada estar sendo exibida em um programa de TV. Em “Atividade”, tal perspectiva soa falsa, já que a partir de determinado momento não haveria mais motivo para Micah continuar filmando e carregando sua câmera o tempo todo pra cima e pra baixo (a personagem de Katie em alguns momentos reclama disso e eu concordo: que cara chato!).

Recentemente, tivemos nas telas uma amostra de terror em sua versão mais clássica, o longa “Arraste-me Para o Inferno”, o retorno de Sam Raimi à suas origens com resultados muito mais assustadores do que este cine-youtube em questão. Lamentavelmente, com resultados em bilheteria muito mais modestos. O que demonstra que, para as grandes massas, até o medo agora é resultado de campanhas de marketing bem realizadas. Não há mesmo nada mais irritante que o capitalismo...

Cotação: * * ½ (duas estrelas e meia)
Nota: 6,5

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

As prévias do Oscar começaram


Saiu o primeiro prêmio que serve de termômetro para o Oscar. Trata-se da premiação do National Board of Review, associação formada por 110 membros votantes, entre cinéfilos, acadêmicos, cineastas e estudantes de cinema da região metropolitana de Nova York. E o vencedor da láurea de melhor filme foi "Amor Sem Escalas" (Up In The Air), o novo filme de Jason Reitman, o diretor de "Juno", e estrelado por George Clooney e Vera Farmiga. O filme estreia no Brasil em fevereiro. Vendo a lista abaixo, você pode perceber também que mais uma vez Clint Eastwood está no páreo, já que recebeu o prêmio de melhor diretor pelo seu "Invictus". Bom ver também um filme como "(500) Dias Com Ela" figurando entre os melhores do ano. A largada já foi dada!




Melhor filme
Amor sem Escalas

Top 10 de Filmes (em ordem alfabética)
500 Dias com Ela, Bastardos Inglórios, Guerra ao Terror, Invictus, Onde Vivem os Monstros, Sedução, Star Trek, Um Homem Sério, Up - Altas Aventuras, The Messenger

Melhor filme em língua estrangeira
A Prophet (Un Prophète)
Top 5 de Filmes Estrangeiros (em ordem alfabética, em inglês)
The Maid, Revanche, Song of Sparrows, Three Monkeys, The White Ribbon

Melhor documentário
The Cove
Top 5 de Documentários (em ordem alfabética, em inglês)
Burma VJ: Reporting from a Closed Country, Crude, Food, Inc., Good Hair, The Most Dangerous Man in America: Daniel Ellsberg and the Pentagon Paper

Melhores filmes independentes (em ordem alfabética)
Amantes, Amreeka, Distrito 9, Goodbye Solo, O Dia da Transa, In the Loop, Julia, Me and Orson Welles, Moon, Sugar
Melhor Ator
George Clooney - Amor sem Escalas
Morgan Freeman - Invictus
Melhor Atriz
Carey Mulligan - Sedução

Melhor Ator Coadjuvante
Woody Harrelson - The Messenger

Melhor Atriz Coadjuvante
Anna Kendrick - Amor sem Escalas

Melhor Elenco
Simplesmente Complicado

Melhor Ator Novato
Jeremy Renner - Guerra ao Terror

Melhor Atriz Novata
Gabourey Sidibe - Precious
Melhor diretor estreante
Duncan Jones - Moon
Oren Moverman - The Messenger
Marc Webb - 500 Dias com Ela

Melhor Diretor
Clint Eastwood - Invictus
Melhor Roteiro Adaptado
Jason Reitman e Sheldon Turner - Amor sem Escalas
Melhor Roteiro Original
Joel e Ethan Coen - Um Homem Sério
Melhor Longa de Animação
Up - Altas Aventuras
Prêmio especial de conquista cinematográfica
Wes Anderson - O Fantástico Sr. Raposo
Prêmio William K. Everson por história no cinema
Jean Picker Firstenberg
Liberdade de expressão
Burma VJ: Reporting from a Closed Country
Invictus
The Most Dangerous Man in America: Daniel Ellsberg and the Pentagon Paper