sexta-feira, 29 de maio de 2009

O país do cinema mauricinho?

Cena de "E Se Eu Fosse Você 2", o maior sucesso do "cinema mauricinho"

Alguém conhece Neville de Almeida? Não? Ele é o diretor brasileiro responsável por filmes como “A Dama do Lotação”, “Matou a Família e Foi Ao Cinema” e “Navalha na Carne, produtos típicos de um período em que o cinema nacional quase não era visto, sempre associado a roteiros pífios, produção capenga e erotismo fácil e apelativo. Pois bem, esta semana uma declaração do “cineasta” causou um certo burburinho no meio artístico brasileiro. Ela segue abaixo transcrita:

“O cinema que triunfou no Brasil é careta, não mostra nada, é um Cinema Mauricinho, que só se preocupa em agradar o público e tentar adivinhar o seu gosto. Esta é uma pretensão ridícula. São filmes bonitinhos, mas que não dizem nada, não mostram nada. E são totalmente feitos com o dinheiro do contribuinte, ninguém mais coloca a mão no bolso! Além disso, os cineastas que conseguem filmar são sempre os mesmos, um grupo de bem nascidos. Vivemos nas trevas da hipocrisia! Eu acho que hoje as novelas da televisão estão melhores que os filmes brasileiros!”.

Há uma parcela de verdade nas palavras de Neville. O cinema brasileiro está se mostrando bastante comercial após a chamada “retomada”, muito voltado para um público de classe média que não busca no cinema algo além de duas horas de entretenimento escapista. Não é à toa que o padrão Globo de se fazer filmes tem obtido enorme sucesso, vide o recente “E Se Eu Fosse Você 2”, o maior sucesso do cinema nacional no período após a citada “retomada”, superando até mesmo “Dois Filhos de Francisco” (longa que conseguiu aliar público e crítica). Isso talvez explique o fato de o Brasil ainda não ter atingido o nível de respeitabilidade que, por exemplo, o cinema argentino, eminentemente autoral, adquiriu ao redor do mundo. Os registros respeitados do cinema tupiniquim sempre se limitam a espasmos criativos pontuais, como aconteceu com “Cidade de Deus” e “Tropa de Elite” (este último vencedor do Urso de Ouro em Berlim). No mais, a produção nacional limita-se a querer reproduzir aqui um estilo Hollywood de se fazer cinema, tendo como capitães diretores como Daniel Filho.

Mas, se há uma parcela de verdade na afirmação, há duas parcelas de mentira nas palavras do diretor fanfarrão. O cinema brasileiro é financiado pelo contribuinte? Sim, mas isso acontece devido à quase completa ausência de investimentos privados em cultura no país. O empresariado brasileiro é, historicamente, tacanho e pouco ousado, sempre com atitudes que lembram em muito os antigos donatários das capitanias hereditárias. “Cultura não dá retorno”, esse é o pensamento corrente na iniciativa privada brasileira. Resultado: os cineastas, em boa parte, se veem atrelados ao sistema público de produção cultural, e não creio que isto se deva à vontade deles. Não é fácil enfrentar burocracia e não imagino alguém que, em sã consciência, preferisse encarar os trâmites administrativos a um direto patrocínio privado. Além disso, a dependência do dinheiro público não é uma exclusividade nossa. Boa parte da produção de países como França e Alemanha também necessita de ajuda do contribuinte para sair do papel. A diferença é que na França as pessoas valorizam a cultura e não veem o financiamento público como um mal (ao contrário do pensamento brasileiro, que sempre enxerga cultura como algo sem relevância).

E a afirmação de que as novelas brasileiras são melhores que os filmes soa, no mínimo, ridícula. Talvez ele só veja os filmes do Daniel Filho esqueça de apreciar obras como as do “mauricinho bem-nascido” Walter Salles...Mas o que esperar do diretor de “Navalha na Carne”?

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Musas do Escurinho #4


Megan Fox declarou recentemente ser bissexual, numa jogada de marketing dos novos tempos (parece que agora todas as mulheres são bi! Não que eu seja contra, muito pelo contrário, mas algumas devem estar forçando a barra, com certeza!). Mas... será que ela precisa mesmo de marketing?????!!!!!

domingo, 24 de maio de 2009

Cannes - Vencedores

Haneke recebe o abraço de Isabelle Huppert


Não vou entrar no mérito se o filme de Michael Haneke merecia ou não o prêmio, mas a verdade é que a Palma de Ouro ficou com um forte gosto de marmelada (Isabelle Huppert é amiga de Haneke e participou do filme "A Professora de Piano"). Segue abaixo a lista de premiados:

Palma de Ouro de melhor filme - "Das Weisse Band" ("A Fita Branca", em tradução livre), de Michael Haneke (Áustria)

Grande Prêmio do Júri - "Un Prophète", de Jacques Audiard (França)

Prêmio de melhor direção - Brillante Mendoza (Filipinas), do filme "Kinatay"

Prêmio de melhor roteiro - Feng Mei, do filme "Spring Fever" (China)

Prêmio de melhor atriz - Charlotte Gainsbourg (França), por seu papel em "Anticristo", do dinamarquês Lars von Trier

Prêmio de melhor ator - Cristoph Waltz (Áustria), por seu papel em "Bastardos Inglórios", de Quentin Tarantino

Prêmio do júri - "Fish Tank", de Andrea Arnold (Reino Unido), e "Thirst", de Park Chan-Wook (Coreia do Sul)

Prêmio Especial do Festival de Cannes - Alain Resnais (França)

Palma de Ouro de melhor curta-metragem - "Arena", de João Salaviza (Portugal)

Menção especial (curta-metragem) - "The Six Dollar Ffty Man" (Nova Zelândia), de Mark Albiston e Louis Sutherland.

Prêmio do Júri Ecumêncico - "À Procura de Eric", de Ken Loach

Houve ainda um antiprêmio do júri ecumênico (inédito até aqui) para "Antichrist", de Lars Von Trier. Como disse o delegado geral do Festival, Thierry Fremaux, esse prêmio me soou um tanto ridículo e com uma boa pinta de censura.

sábado, 23 de maio de 2009

É, não deu...


Não deu para o brasileiro "À Deriva". O vencedor da mostra "Um Certo Olhar" foi "Dogtooth", filme do diretor grego Yorgos Lanthimos. O longa faz o estilo perturbado que marcou o Festival de 2009, mostrando o cotidiano de uma família pra lá de estranha, onde os três filhos são mantidos trancados em casa pelo pai repressor e a mãe omissa. A violência e o sexo também se fazem presentes neste filme (a exemplo de "Thirst" e "Antichrist", comentados mais abaixo).

O prêmio do júri foi para “Politist, Adjective”, do romeno Corneliu Porumboiu, que trata de um policial que lida com a burocracia e tenta defender seus princípios ao investigar o caso de adolescentes consumidores de drogas.

Foi bom mesmo eu ter ressaltado que na longa salva de palmas para “À Deriva” (5 minutos) havia muitos brasileiros presentes...

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Brasil-sil-sil!!!

Débora Bloch, Heitor Dhalia, Laura Neiva e Vincent Cassel posando para fotos em Cannes

"À Deriva", o novo longa de Heitor Dhalia (de "O Cheiro do Ralo"), foi exibido hoje na mostra "Um Certo Olhar" em Cannes (não concorre à Palma de Ouro), sendo aplaudido ao longo de 5 minutos. Mas também é importante informar que havia muitos brasileiros na sala Debussy, lotada (entre eles, Grazi Massafera, namorada de Cauã Reymond, o qual faz parte do elenco). O filme trata dos primeiros contatos de uma adolescente (a estreante Laura Neiva, descoberta pela produção através do Orkut) com o mundo adulto ao descobrir, durante uma temporada de férias na praia, que seu pai (Vincent Cassel) trai sua mãe (Débora Bloch). “Obrigado a todos, estou muito feliz de estar aqui, porque adoro o Festival de Cannes”, discursou o diretor ao apresentar seu filme. Quem sabe o filme não leva o prêmio da mostra? Vamos torcer!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

O dia de Tarantino


E hoje foi o tão agurdado dia da exibição de "Bastardos Inglórios" em Cannes, para a glória de seu diretor, Quentin Tarantino. O filme é, sem dúvida, o mais disputado por público e mídia no festival desse ano, tendo a direção do evento providenciado sessões extras, vez que os 2.300 lugares da sala Lumiére foram insuficientes. Uma velha história de amor entre o cineasta e o Festival que lhe premiou com a Palma de Ouro por "Pulp Fiction". E o filme? Bem, aplaudido com entusiasmo e, aparentemente, saudado pela crítica como sendo talvez sua melhor obra Acima, foto do diretor pop-cool ao lado do elenco estrelado do longa.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Polêmica em Cannes

Imagem de "Thirst" do coreano Park Chan-Wook

O Festival de Cannes anda pegando fogo. Ao que parece, esta é a edição do evento com mais filmes cheios de potencial para estarrecer plateias e fazer os de estômago fraco saírem das salas.

A tendência já estava se fazendo presente com a exibição de "Thirst", o novo longa de Park Chan -Wook (o diretor de Oldboy), o qual invadiu a polêmica religiosa ao colocar uma padre católico sendo transformado em vampiro e tendo não apenas sua força física, mas também seu vigor sexual sendo ligados a amplificadores. Violência, sangue e sexo tranbordam da tela, em mais uma das loucuras do diretor coreano.

Passando ainda pelo filipino "Kinatay", com sua violência mundo-cão (que recebeu muitas vaias), parece que o clima de açougue macabro chegou ao ápice com a exibição de "Antichrist", o novo Lars Von Trier, que levou não apenas vários espectadores a deixarem a sala Debussy, mas também vários deles a passarem mal durante a sessão. Segundo assistentes e mesmo críticos presentes à exibição, Von Trier pareceu desejar, com esta sua nova obra, não apenas chocar, mas pôr na película todas as imagens que devem habitar seus piores pesadelos (é bom lembrar que o diretor saiu de uma depressão há, relativamente, pouco tempo). Com uma premissa por si só perturbadora, na qual um casal (interpretados por William Dafoe e Charllote Gainsbourg) enfrenta o luto e a culpa de terem perdido um filho enquanto faziam sexo no banheiro, o filme parece se desenrolar num crescendo de demência até atingir um clímax quase insuportável, talvez digno das sessões de cinema que devem ser exibidas no inferno.

Cena de "Antichrist", de Lars Von Trier

Em entrevista coletiva, Trier declarou, cheio de ironia, que “eu faço filmes para mim mesmo, sem pensar na platéia. Ah, sim, e eu sou o melhor diretor de cinema do mundo”, isso logo após um jornalista britânico ter exigido do diretor que explicasse o porquê da existência desse filme. Ao responder sobre a dedicatória a Andrey Tarkovsky (aparentemente cínica), disse que “posso afirmar de coração que a dedicatória a Tarkovsky é verdadeira. Minha vida mudou quando vi 'O Espelho' pela primeira vez, numa telinha de TV. Tarkovsky certamente é Deus, mesmo que ele não tenha gostado nada do meu primeiro filme que viu aqui em Cannes em 1983 ('The Element of Crime'). Mas, tudo bem, isso não me afeta, ele veio de uma geração anterior à minha”.

Lars Von Trier durante a entrevista coletiva

É, a polêmica anda solta na Croissette e olha que Tarantino ainda nem apresentou o seu "Bastardos Inglórios". Se bem que, pelo que andam comentando, o diretor de "Kill Bill" deve ficar para trás no quesito burburinho este ano.

Informação: "Antichrist" já tem distribuição garantida no Brasil.

Abaixo, o trailler de "Antichrist".




domingo, 17 de maio de 2009

Alexandra


A guerra é mal-cheirosa

Nesses tempos de verão norte-americano, em que os blockbusters começam a se apinhar nas salas de cinema do mundo inteiro, costumo procurar alguma obra que fuja desse padrão. A tarefa muitas vezes se torna árdua, mas, com paciência e um pouco de informação, é possível se deparar com algumas pérolas até surpreendentes em uma cidade de salas escassas como Natal. Foi exatamente isso que aconteceu esta semana quando, ao verificar a programação das salas de cinema, constatei um tanto surpreso que o Moviecom Praia Shopping (e faço aqui a publicidade gratuita, pois iniciativas assim sempre são bem-vindas) iria exibir “Alexandra”, o mais recente produto do mestre russo Alexander Sokurov (de “Arca Russa”). Entre assistir a “Anjos e Demônios”, mais um da safra hollywoodiana de veraneio, e este exemplar de uma das melhores escolas de cinema do globo, embora pouco vista, não hesitei em optar pela segunda alternativa e passar por um processo para me livrar da intoxicação decorrente da excessiva exposição ao cinemão pipoca.

Assim, saiu o ritmo dos carros de F1 típico das películas USA e entraram os tempos lentos do cineasta russo. Algo que, para aqueles dopados pela frivolidade reinante nos nossos dias, deve soar chato e entediante. O filme também contrasta com a mania da juventude eterna da sociedade século XXI ao nos apresentar uma protagonista idosa, no mínimo septuagenária, que transita em uma base militar russa na Chechênia com seus passos titubeantes, sua dificuldade para se levantar de uma cadeira ou subir e descer degraus mais altos. O contraste entre a simpática, mas também ranzinza, velhinha Alexandra Nikolaevna (interpretada por Galina Vishnevskaya) em meio àquele campo de jovens soldados é uma das ideias mais peculiares do cinema recente. E Sokurov acentua ainda mais a situação através de close-ups alternados entre o rosto de Alexandra e dos militares, alguns deles recrutas com apenas 20 anos. Visitando o neto que é oficial do exército russo e não vê há 7 anos, a imagem de uma vovó naquele ambiente rústico, frio e mecânico é marcante , e o filme já valeria à pena somente por esse registro imagético.

Todavia, Sokurov não se limita a expor esse contraste. O seu longa também soa antagônico ao gênero “guerra” popularizado por Hollywood, a qual costuma glamourizar e espetacularizar as cenas de batalha, numa constante explosão de sangue pingando na tela, principalmente nesses tempos pós 30-minutos-iniciais-de- O Resgate do Soldado Ryan. Não que esta forma de mostrar a guerra não tenha seus méritos (o próprio “Ryan” é um bom filme), mas a fórmula já se tornou cansativa e meramente comercial, e esse costume de pensar que o público é uma eterna criança que quer sempre ver mais do mesmo irrita qualquer cidadão com um mínimo de bom senso. Assim, o diretor russo nos mostra que nem só de tiros e bombas vivem as guerras. A guerra pode ser algo mal-cheiroso, como o tanque em que Alexandra entra acompanhada de Denis, seu neto; ou pode ser algo rotineiro, como quando Denis narra como são levadas as roupas na base militar. Ou seja, um ofício repetitivo como qualquer outro, com a diferença apenas de que os solados deveriam receber um adicional de periculosidade pelo seu trabalho.

Mas Sokurov não para por aí. Ele parece querer nos mostrar que guerra também pode resultar em convívio. Em dado momento, Alexandra deixa a base para comprar mantimentos no mercado da cidade chechena vizinha. Lá não é vista como invasora, mas antes de tudo como uma visitante, muito embora tal atitude seja mais destacada entre os mais idosos. Os jovens chechenos parecem nutrir uma relação de desconfiança diante da “intrusa”, muito embora alguns não a rejeitem totalmente. Mas nada de discursos inflamados ou discussões acaloradas. A rejeição é mostrada por meio de silêncios, olhares atravessados ou palavras diretas, embora respeitosas, com quando um dos rapazes que a acompanha até a base questiona: “por que vocês de São Petersburgo não nos dão a liberdade?”. Questionamento simples, mas eficaz.

Com momentos simples, ternos e visualmente belos, como na cena em que o neto oficial militar faz uma trança nos longos cabelos da avó, “Alexandra” é uma ode ao cinema contido, distante da espetacularização comum dos multiplexes, ainda mais por termos sempre a sensação de que assistimos a gente de verdade na tela. Sokurov nos mostra que não precisamos ver mais filmes que nos mostrem o que já é por demais jogado em nossos olhos, todos os dias, pelas redes de televisão. Existem outras nuances, existem outros caminhos para o cinema neste tema. O diretor russo parece dizer que não é necessário mostrar corpos destroçados para dizer que a guerra fede. Retratar seres humanos carentes ou mecanizados pode ser uma dessas formas.

Cotação: * * * * (quatro estrelas)
Nota: 9,0

sábado, 16 de maio de 2009

Trilha Sonora #2

Na minha resenha para a nova versão de "Star Trek" reclamei da ausência do clássico tema composto por Jerry Goldsmith. Pois bem, para matar a saudade dos trekkers, aqui está a trilha icônica. E como essa ausência acaba sendo sentida no filme... Uma grande mancada de todos os envolvidos no projeto. Afinal, música é sempre uma bela forma de revigorar lembranças.


Jerry Goldsmith - Star Trek The Motion Picture Main Title

sexta-feira, 15 de maio de 2009

As novas de Scorsese

Hoje, Martin Scorsese apareceu em Cannes para divulgar o trabalho da World Cinema Foundation, instituição que se dedica a preservar e restaurar obras cinematográficas ao redor do mundo. Scorsese é um daqueles artistas que, antes de serem cineastas, são cinéfilos de carteirinha (tal como François Truffaut) e, portanto, não é à toa que ele se dedique a restaurar importantes obras da história cinematográfica. David Lynch, em entrevista ao "Roda Viva" da TV Cultura, chegou a dizer: "só mesmo o Scorsese para conseguir ver tantos filmes enquantos dirige outros tantos". Na entrevista em Cannes, Scorsese falou que filmes de diversas nacionalidades influenciaram e ainda influenciam muito sua carreira.“Muitos me inspiram mesmo que não tenham a ver com meu estilo. Eu me inspiro inclusive a querer voltar para o set – eu prefiro a sala de montagem, porque o set é muito desgastante, é como se você tivesse exames finais a cada cinco minutos. Eles me alimentam espiritualmente”, mencionou na coletiva. Um dos filmes que atualmente estão sendo restaurados pela instituição é o brasileiro "Limite" (1931), de Mário Peixoto.

Fã não apenas de cinema, mas também de música, o próximo trabalho do diretor de "Touro Indomável" para as telas será uma biografia de ninguém mais, ninguém menos que Frank Sinatra!Esse é para aguardar com muita expectativa.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Coppola em Cannes

E hoje foi exibido em Cannes a nova obra de ninguém menos que Francis Ford Coppola, sendo aplaudido de pé. "Tetro" é mais um exemplar do cinema independente e autoral que o cineasta vem desenvolvendo nos últimos anos (com pouca divulgação, por sinal) . "Filmes grandes têm de agradar a muita gente e acabam ficando estúpidos", disse ele em entrevista à imprensa. Exibido na "Quinzena dos Realizadores", mostra paralela à seleção oficial, o filme trata de um dos temas mais caros da carreira do cineasta: as relações familiares. Protagonizado por Vincent Gallo (ausente da coletiva de imprensa), a trama mostra um artista que busca distância de sua família, que também é de artistas, para realizar uma peça, até que seu irmão mais novo o procura em Buenos Aires. Alguns já afirmam que, tanto na estética (o filme é quase todo em p&b) quanto na abordagem do tema, o filme lembra bastante o seu "O Selvagem da Motocicleta". Bom lembrar que a família Coppola possui nuances similares às da família do longa. Também saudável recordar que Coppola recebeu duas Palma de Ouro em sua carreira de cineasta, uma por "A Conversação" e a segunda por "Apocalypse Now".



quarta-feira, 13 de maio de 2009

Cannes - Abertura


E teve início nesta quarta-feira, 13 de maio, mais uma edição do mais badalado festival de cinema do mundo: Cannes.

E, "surpresa", a nova animação dos estúdios Pixar parece já estar arrebatando público e crítica. "Up" abriu hoje o festival e foi aplaudido em sua primeira exibição. Com um marketing estrondoso, no melhor estilo cinemão de Hollywood (como pode ser visto nas fotos que seguem), muitos estão apontando a presença do longa em Cannes como o impulso definitivo para a tecnologia 3D, a qual tem como maior pretensão resgatar uma parte do público que anda se distanciando das salas de cinema, resultado das telas grandes em casa e de versões domésticas dos filmes com qualidade cada vez mais surpreendente, como o Blu-Ray.


(crédito desta foto: Kléber Mendonça Filho)


Peter Docter, Charles Aznavour (que dubla o filme na versão francesa) e John Lasseter (produtor)


A escolha de "Up" também parece mostrar que Cannes busca valorizar, agora, um tipo de animação mais autoral e emocional, uma vez que no passado recente vinha dando destaque às animações bem mais multiplexes da Dreamworks Animation (basta lembrar de "Shrek 2" e "Kung-Fu Panda"). Por sinal, é bom lembrar que essa foi a primeira oportunidade em que uma animação abriu o evento.

A trama conta a estória de Carl Fredricksen, um senhor de 78 anos que acaba de perder sua esposa, Ellie, que não podia gerar filhos. Carl, então, procura realizar um antigo sonho compatilhado por sua falecida amada: fazer uma viagem às florestas da América do Sul. É assim que ele tem a ideia de amarrar sua casa a milhares de balões que a levarão até o almejado destino. Só que ele não sabe da presença do pequeno escoteiro Russel, de apenas 8 anos. A premissa parece mesmo tocante e a impressão está se confirmando pelo burburinho que já está correndo o mundo via internet. Aviso: antes que alguém venha mencionar a semelhança, Peter Docter, diretor de "Up" , esclareceu durante a entrevista coletiva que não teve conhecimento do caso do padre brasileiro que voou e desapareceu sustentado por balões. Docter, inclusive, esteve no Brasil para estudar algumas paisagens reproduzidas na animação.



Outro momento de destaque neste primeiro dia de festival foi a declaração de Isabelle Huppert, presidente do júri deste ano: “Não estamos aqui para julgar, estamos aqui para amar os filmes. É muito difícil expressar por que você ama algo, por que você foi tocado por algo, mas vamos tentar.” É por essas e outras que o meu grande sonho de cinéfilo não é um dia presenciar uma entrega do Oscar, mas poder participar do Festival de Cannes, o qual é, antes de tudo, uma declaração de amor às mais variadas formas de cinema.




sábado, 9 de maio de 2009

Mães no Cinema

Abaixo, uma série de 7 imagens de grandes mães presentes na história da 7ª arte. Uma modesta homenagem a todas as mães do mundo. Imagens valem mais que mil palavras, até mesmo porque essa palavra, "mãe", dispensa explicações.


Angelina Jolie em "A Troca" (e mãe também de uma criançada fora das telas)


Shirley MacLaine, mãe da Debra Winger em "Laços de Ternura"


Fernanda Montenegro em "Central do Brasil". Ela não era a mãe biológica do Josué, mas tornou-se mãe (e filha também) do garoto ao longo viagem.


Meryl Streep, mãe da Renée Zellweger em "Um Amor Verdadeiro"


Nicole Kidman, a mãe assombrada de "Os Outros"



Cher em "Minha Mãe é Uma Sereia" (e olha a Christina Ricci pequenininha aí)



Jodie Foster, mãe-coragem em "O Quarto do Pânico"

Star Trek


Vida longa e próspera!

É bom informar, já de antemão, que não sou e nunca fui lá muito adepto da série “Jornada nas Estrelas”, seja na TV, seja nos longas-metragens da tela grande. Sempre considerei esta jornada um tanto sem sal. Quando comparava os episódios de “Star Trek” aos de “Star Wars” (inevitavelmente), nunca deixava de perceber o quanto a criação de George Lucas era mais envolvente e cheia de ação Além disso, nunca deixei de ver aqueles “trekkers” fantasiados como os personagens como pessoas bobas e sem muito o que fazer da vida. O cúmulo do nerdialismo, na acepção pejorativa do termo, e olha que eu mesmo admito ter um lado nerd acentuado. Por outro lado, gosto bastante do personagem do Dr. Spock e de sua bela relação de amizade com o capitão Kirk, cujas caracterizações por Leonard Nimoy e William Shatner, respectivamente, tornaram-se ícones do gênero ficção científica.

Uma das informações que mais me chamaram a atenção sobre este novo “Star Trek” foi a de que o seu diretor, J.J. Abrams (criador das séries televisivas “Alias” e “Lost”), assumiu publicamente não ser um fã da série. Comecei, desta forma, a imaginar que o cineasta possivelmente teria uma visão parecida com a minha sobre esse material e que o mesmo, como ele próprio também declarou, não se manteria fiel a uma cartilha ditada quase que religiosamente pelos seguidores do tal “cânone” (meu Deus, isso é cultura pop, não é doutrina religiosa ou filosófica...). E Abrams parece ter compreendido que, sim, a série realmente precisava ser mais leve, envolvente e cheia de ação, muito embora sem deixar de lado a construção dos personagens e suas relações.

Foi com essa expectativa de uma nova visão, mais adequada ao público atual, que fui ao cinema e devo dizer que a primeira metade do longa foi um tanto decepcionante. Abrams parece ter confundido adequação aos novos tempos com uma descarga de clichês pops na tela. Com a premissa de recomeçar do zero a franquia, Abrams, juntamente com os roteiristas Alex Kurtzman e Roberto Orci, foram buscar a origem dos heróis da série. Até aí tudo bem. Uma ótima ideia. O problema é que o personagem do capitão James Kirk surge como o típico jovem irresponsável, inconsequente e metido a gostosão que, de cara, já sabemos que irá passar por um processo de “amadurecimento”. Nada mais previsível e característico do cinemão pipoca. Já o de Spock é mostrado como um garoto vítima de “bullying” na sua escola em Vulcano, sofrendo preconceito por ser “mestiço” (filho de um vulcano com uma humana). Nada mais típico também, principalmente depois da série X-Men, com seus mutantes perseguidos. É verdade que a contraposição mostrada entre a infância e juventude de ambos é um recurso interessante, mas também não é mentira que já estamos cansados de duplas cinematográficas que começam como antipáticos um ao outro até se tornarem bons amigos (clichê recorrente no subgênero das duplas policiais). Os diálogos sofríveis também estão presentes nesta primeira metade de filme. Contudo, o jovem Spock, bem mais que o jovem Kirk, salva o filme da mesmice (além da presença da bela Zoe Saldana, como a tenente Uhura, claro...).

Eu já estava para começar a realmente me aborrecer, quando surge Leonard Nimoy em cena, voltando ao velho papel que lhe rendeu a fama. A partir deste momento, o roteiro dá uma bela guinada, trazendo-nos algumas surpresas e até fazendo o até então pouco carismático personagem de Kirk adquirir novos ares. Claro que vem aquela coisa do “amadurecimento”, já falada acima, mas a trama passa a fluir de forma menos previsível do que antes, mostrando elementos inteligentes, que inclusive abrem grandes possibilidades para o futuro da série. Até o humor, um tanto pobre no início, cheio de piadas batidas, passa a funcionar melhor na segunda metade da projeção. Por outro lado, algumas machadadas roteirísticas ainda são sentidas (como o fato de Kirk assumir o comando da Enterprise em certo momento, sendo que havia outros lá bem mais experientes que ele para assumir tal função).

Mas se o roteiro deixa um pouco a desejar, é bom lembrar que nunca houve um episódio da série com produção tão caprichada. Por motivos óbvios, as toneladas de efeitos especiais de hoje proporcionam uma sensação de “realidade” extremamente eficiente, principalmente com relação à nave USS Enterprise, nunca antes tão bem mostrada na tela. E as atuações também se mostram como destaques. Chris Pine, como Kirk, corresponde às expectativas (muito embora não seja lá muito difícil interpretar um jovem arrogante e irresponsável), honrando William Shatner, assim como Karl Urban, como o Dr. Leonard McCoy, também se mostra à altura de seu predecessor. Por sinal, até Eric Bana consegue fazer algo decente como o vilão Nero, mesmo que eu tenha detestado esse nome (não atinham algo mais criativo?). Mas quem rouba mesmo a cena é Zachary Quinto como o jovem Spock. O rapaz é um promissor talento e é impressionante como ele conseguiu nos passar a sensação de ser mesmo uma versão mais jovem do personagem eternizado por Nimoy. Interessante como os momentos em que ele não consegue domar suas emoções soam tão naturais como aqueles em que ele demonstra o lado racional e contido típicos de um vulcano. Aliás, as cenas em que ele externa sua raiva, em contraposição ao seu lado racional, nos fazem lembrar da dualidade também vivida por um certo mutante de garras que está com filme em cartaz.

Chegando ao fim, suspirei aliviado. A impressão negativa dos primeiros atos do filme restou em segundo plano. Abrams soube mesmo rejuvenescer a série e, mesmo não sendo fiel aos dogmas professados pelos seguidores de Star Trek, provavelmente não os irritará muito, além de possibilitar o surgimento de novos fãs (o filme pode mesmo ser acompanhado por quem nunca assistiu a um longa sequer da franquia). Há o que melhorar, mas a retomada é promissora. É possível que eu mesmo passe a me interessar mais, agora, pelo universo criado por Gene Roddenberry, procurando explorar algum lugar do universo onde ninguém jamais esteve. Vida longa e próspera para a nova Star Trek!

Obs. Senti falta da trilha sonora original e memorável de Jerry Goldsmith, o que me fez reduzir mais um pouco a nota final.

Cotação: * * * ½ (três estrelas e meia)
Nota: 8,0.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Musas do Escurinho #3


A atual queridinha de Wooy Allen tem se metido em algumas bombas (vide "The Spirit") e pode até não ser lá, realmente, uma grande atriz. Mas dá pra resistir a uma delícia como essa? Ah, e ela até que canta direitinho. Confiram abaixo!

Scarlett Johansson - Summertime

terça-feira, 5 de maio de 2009

Ronaldo e... Wolverine!



Hugh Jackman é mesmo um cara inteligente. Chegando hoje ao Brasil para a divulgação de "X-Men Origens: Wolverine", a sua primeira parada foi no Parque Ecológico do Tietê, local do treino do Corinthians, para encontrar o mais popular jogador em atividade no país, o Ronalducho. Nada melhor do que encontrar um ídolo nacional e, desde logo, jogar todos os holofotes da mídia para si, promovendo o seu longa-metragem de forma esperta e eficiente. Na ocasião, ele presenteou Ronaldo com uma camiseta promocional do filme com os dizeres "eu também sou indestrutível", em português. O jogador retribuiu com uma camisa personalizada do Corinthians, com o nome "Wolverine" nas costas além da letra "X" no local onde seria o número.

Falando nisso, o longa do Wolverine teve ótima estreia nos EUA, liderando as bilheterias e arrecadando 87 milhões de dólares no primeiro final de semana em cartaz. Ótimo para a Fox, a qual estava apreensiva devido ao vazamento do filme alguns dias antes na internet. E olha que também teve a tal gripe suína, já uma realidade nos EUA, para fazer muita gente evitar ambientes como o cinema.

Em Tempo: o próprio Jackman confirmou que já está procurando roteiristas para Wolverine 2, cuja trama deverá abordar o arco japonês da trajetória do herói. Caso o filme faça valer esse material, o segundo promete ser melhor que o primeiro!


sexta-feira, 1 de maio de 2009

X-Men Origens: Wolverine

O pop não poupa mesmo ninguém


Há poucos dias, eu estava postando um recado no perfil de uma amiga no Orkut quando reparei em um outro post que estava na página. Era uma amiga dela que a convidava para ir ao cinema no feriadão do dia do trabalho. Na mensagem, ela escrevia assim: “Vc gosta de Wolverine? Vai estrear dia 30!”. Pensei: “caramba!”. Nesse breve instante, percebi o quanto o personagem havia se tornado popular. Sim, porque, até menos de uma década atrás, Wolverine era um personagem conhecido apenas do que podemos denominar “mundo nerd”. Extremamente popular entre os leitores de HQs e entre aqueles que acompanhavam a série animada exibida na TV, Logan era praticamente desconhecido do grande público, e ainda mais do público feminino. Len Wein, o qual criou o personagem no já um pouco distante ano de 1974, jamais imaginaria que mais de três décadas depois a sua criação atingiria um nível tão grande de popularidade, mesmo que nascido em um veículo tão eminentemente pop quanto os quadrinhos de super-heróis.

Esse grande salto do personagem se deu pelas mãos de Bryan Singer, um dos melhores diretores da nova safra de Hollywood, responsável pelo cult “Os Suspeitos”. Com os seus “X-Men” e “X-Men 2”, ele catapultou os mutantes de Stan Lee ao estrelato na tela grande, mutantes dentre os quais se destacava, como sempre, o velho Wolvie, personificado pelo até então desconhecido Hugh Jackman. É verdade que o personagem assumiu uma faceta mais amena que a dos quadrinhos, menos violento, menos ranzinza, mulherengo ou pinguço e também com melhor aparência (o que talvez explique o apelo que tem hoje junto às meninas, tendo em vista o aspecto boa-pinta de Jackman). Mas também é verdade que Singer não traiu a essência do personagem, não esquecendo de manter o ar selvagem do herói, seu jeito um tanto rude e por vezes frio.

E esse lado mais “selvagem” é o mote do novo episódio da série, “X-Men Origens: Wolverine”, que tem estreia mundial neste final de semana, sendo o primeiro filme da aguardada temporada do verão americano. Apesar do sucesso do primeiro e segundo episódios, “X-Men 3 – O Confronto Final” acabou dividindo opiniões e, para não correr o risco de ver a franquia entrar em declínio, os estúdios Fox resolveram investir em uma nova abordagem, qual seja, narrar as origens dos personagens já apresentados ao público na série matriz, e o primeiro não poderia mesmo deixar de ser Wolverine, muito embora a escolha não pareça tão óbvia quanto parece. Não é tão óbvia porque Wolverine, ou simplesmente Logan para os mais chegados, é um dos heróis de origem mais nebulosa da Marvel. Durante muitos anos, não se sabia quase nada sobre sua origem, até que a famosa saga “Arma-X” acabou por jogar algumas luzes sobre esse passado misterioso, trabalho levado mais adiante por uma outra série, denominada “Origem”, a qual mostrou a infância de Logan e revelando que suas famosas garras eram naturais, resultado de seu poder mutante.

E o presente longa-metragem tem um roteiro, escrito por David Benioff, que procura realizar uma fusão entres as duas séries. Estão lá a infância, onde se mostra que seu arqui-rival Dentes de Sabre é seu provável irmão; sua participação em diversas guerras históricas; a implantação do metal adamantium em seu esqueleto (e garras também, claro), fruto de uma experiência militar-governamental, entre outros elementos que compõem o universo não só do próprio Wolvie, mas de todo o universo Marvel mutante. Entretanto, se o roteiro se mostra redondo ao não confundir o espectador (mesmo o não “iniciado”), por outro lado se mostra bastante raso em vários momentos, com algumas falas sofríveis e dispensáveis e situações que parecem estar ali apenas para gerar boas seqüências de ação, além de velhos clichês românticos, cenas estas provavelmente impostas via balas de adamantium pelos produtores. É bom dizer que eles obviamente escolheram um diretor ainda sem muita força em Hollywood, Gavin Hood (muito embora vencedor de um Oscar de filme estrangeiro por “Infância Roubada”), para que pudessem impor seus conceitos por vezes retrógrados da forma que bem entendessem. Retrógrados, sim, porque o público já demonstrou, através do sucesso absoluto do “Cavaleiro das Trevas”, por exemplo, que um blockbuster não precisa ser destituído de massa encefálica, sabendo acompanhar muito bem tramas mais elaboradas. Não que o resultado seja exatamente sofrível, mas fica claro que poderia ser bem melhor caso os produtores tivessem dado mais liberdade à direção de Hood (vale recordar que algumas seqüências foram retiradas da montagem final e outras refeitas). Em contraponto, é de se enaltecer a coragem em deixar Wolverine longe do politicamente correto (ele não tem “compaixão” por seus oponentes) e a dualidade entre seu lado humano e selvagem, que nos remete a “O Médico e o Monstro”, é bem abordada ao longo de toda a projeção.

Mas se o resultado é ainda agradável, isso é decorrência principalmente (além do aspecto narrativo direto, já mencionado acima) da competência de Hood em dirigir cenas de ação. Várias delas são mesmo sensacionais, prendendo qualquer assistente na cadeira, algumas até memoráveis, como a já icônica seqüência inicial de créditos, que narra a participação de Logan e Dentes de Sabre em vários conflitos, entre estes a Guerra de Secessão, 1ª e 2ª Guerras Mundiais e a Guerra do Vietnã (aliás, parece que os filmes baseados em HQs já estão criando uma tradição de créditos arrebatadores, vide o recente Watchmen). Hood parece mesmo saber o que faz com imagens, não perdendo a oportunidade até de realizar uma boa homenagem a “O Resgate do Soldado Ryan”. Também soube utilizar os novos conceitos do cinema de ação, com certas passagens lembrando bastante o recente “O Procurado” (outro filme com sequências de ação memoráveis), mas sem deixar aquela impressão de cópia. Por outro lado, a classificação PG-13 impõe certas limitações à violência mostrada (como o fato de as garras de Logan, por mais que perfurem corpos, nunca aparecerem sujas de sangue).

Outro fator positivo, obviamente, é o próprio Hugh Jackman. Tal como Harrison Ford parece ter nascido para interpretar Indiana Jones, Jackman parece ter nascido para fazer o papel de Wolverine. Além dele, também marcam boa presença Liev Schreiber, como Victor Creed (o Dentes de Sabre) e a linda Lynn Collins como Kayla (Silverfox), a amada de Logan. Diga-se de passagem que, no quesito personagens, o nerds irão vibrar com a presença de várias figuras conhecidas e adoradas dos fãs, como Gambit (ótima a seqüência em que ele surge, por sinal), Scott Summers ainda garoto, Ema Frost também uma menina, entre outros.

Com um humor que funciona em vários momentos, e até consolidando a origem do personagem (que ao longo de anos de HQs sempre resultou confusa), o maior problema deste primeiro filme solo de Wolverine é mesmo querer se tornar demasiadamente pop, encaixando-se num esquema PG-13 para não correr riscos na bilheteria (como aconteceu com Watchmen). Pode ser paradoxal, uma vez que o personagem é fruto de uma arte extremamente pop, mas “X-Men Origens: Wolverine” teria um resultado bem superior se esquecesse essas regras esquemáticas e apostasse na ousadia, mostrando uma trama realmente madura. Um autêntico caso em o pop acabou vítima dele mesmo. Como diz uma certa canção, “o pop não poupa ninguém”. Nem a ele próprio.

Obs.: Há uma cena durante os créditos e outra logo após. Portanto, não seja apressadinho(a) e fique até o final.

Cotação: * * * (três estrelas)
Nota: 7,0.